Lutas contra intolerâncias marcam lançamento do álbum do Boi Caprichoso em Parintins

O Boi-bumbá Caprichoso levantou as bandeiras contra a intolerância religiosa e também antirracista na noite de sábado (27), durante o lançamento do álbum “Cultura – O Triunfo do Povo”, no curral Zeca Xibelão, bairro Centro, no município de Parintins (distante 369 quilômetros em linha reta). As mensagens foram passadas durante a execução da toada Malùú Dúdú, composição de Adriano Aguiar, Gean Souza e Tomaz Miranda.

O presidente do Boi, Rossy Amoedo, declarou minutos antes do início do show que o álbum é resultado de um trabalho incansável. “Uma equipe incansável produziu esse álbum, construiu uma história musical que vai dar o tom, e imprimir na arena do Bumbódromo um grande espetáculo. Espetáculo esse que, sem dúvidas, vai fazer o Caprichoso ser campeão da opinião pública e assim possa consolidá-lo como boi tricampeão”, disse.

Erick Nakanome, presidente do Conselho de Arte do boi Caprichoso, ressaltou que a obra musical deste ano é o melhor repertório do festival. “Poder fazer um CD que a galera já aprovou. Eles e elas são as pessoas que vêm lindo ou não. Um bloco B que todos conhecem. Um bloco C que o Caprichoso é indiscutível plástica. Com bloco A e o melhor repertório do festival”, disse. 

Nakanome adiantou que o Boi Caprichoso esse ano vem com bastante alegria. “O Caprichoso é um Boi extremamente visual. Um Boi que se preocupa com efeitos, luzes e plásticas. Hoje estamos fazendo uma festa leve e não preocupados com o visual, porque temos um repertório que sustenta todas essas questões que dá a possibilidade de a gente brincar e fazer um festival, lindo e muito alegre. A cultura popular é alegria”, frisou. 

Neil Armstrong, produtor musical do álbum deste ano, disse que é uma grande satisfação participar da obra. “O resultado é o melhor possível. Tem todo o processo de pré-produção, discutir harmonia, métrica, altura para a voz, temos todo esse cuidado. E no final temos esse feedback bacana da diretoria, conselho de arte e da galera. É o combustível e o reconhecimento que o trabalho tem uma resposta positiva”, declarou.

 Apresentações 

 O curral Zeca Xibelão estava lotado, cuja expectativa era receber mais de 10 mil pessoas. O show começou 00h30 já do domingo (28) e durante duas horas de espetáculo, o público que compareceu pode escutar ao vivo as toadas desse ano do Boi da Francesa. As toadas “Ê Parente”, de Carlinhos Lauria, Bruce Bulcão e Carlos Tomé, e também a toadas “O Boi do Urubuzal”, Adriano Aguiar, Vanessa Aguiar e Edval Machado puxaram a galera. 

 O Boi Caprichoso foi o primeiro item a entrar no palco da festa já na primeira toada, “Cultura – O Triunfo do Povo” de Adriano Aguiar, Guto Kawakami e Geovane Bastos. A sinhazinha da fazenda, Valentina Cid, bailou com o Boi ao som da toada “Incomparável Amor” de Celso Sabino e Saullo Viana. Marcela Marialva, porta-estandarte, evoluiu com a toada “O Mais Querido do Povão”, de Adriano Aguiar e Adriana Cidade.

 Cleise Simas, rainha do folclore, pegou um rocar e ao lado de duas marujeiras, em passos sincronizados, bailaram ao som de “Marujeiro Caprichoso” de Guto Kawakami, Gabriel Moraes e Adan Renê. A cunhã-poranga, Marciele Albuquerqiue, dobrou os joelhos no chão com a toada “O Tambor da Terra”, composição de Ronaldo Barbosa Júnior e Ronaldo Barbosa. O pajé, Erick Beltrão, convocou as tribos no palco para dançar “Mothokari” de Ronaldo Barbosa e Ronaldo Barbosa Júnior.

Edmundo Oran e Patrick Araújo, apresentador e levantador de toadas, respectivamente, em sincronia puxavam o couro de vozes para cantar toadas já consagradas do bumbá como “Sentimento Caprichoso”, “Sentimento Porreta” e “Pode Avisar”. Prince do Caprichoso, o Amo do Boi, em tom de desafio versou sobre o álbum do contrário. Para a apoteose do Boi Caprichoso, novamente a galera cantou “O Boi do Urubuzal” para finalizar a festa, por volta de 2h40.      

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