Porta-voz da Embaixada dos EUA ressalta importância dos 200 anos de relação diplomática com Brasil

Durante este fim de semana, o porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos da América em Brasília, Luke Ortega, visita o Amazonas pela programação de bicentenário das relações diplomáticas com o Brasil. É a primeira vez que o representante americano vem ao estado. Ele concedeu uma entrevista exclusiva para a Rede Calderaro de Comunicação a respeito das metas entre os dois países. A seguir a entrevista. 

As celebrações pelo bicentenário começaram em janeiro em todo o Brasil, mas o que foi pensado para o Amazonas? 

Este é um ano muito importante pra gente da embaixada, pelo bicentenário. A gente tem um calendário cheio de eventos em todo o Brasil. Especificamente aqui [Amazonas] a gente está trabalhando neste fim de semana em uma iniciativa com jovens em que a gente faz um encontro com foco nas redes sociais, na comunicação através da internet para combater a desinformação e ter um discurso mais inclusivo nas redes sociais especialmente sobre as questões da Amazônia. É como podemos trabalhar com os jovens daqui para que eles possam levantar as  próprias bandeiras. Para que eles mostrem as suas inspirações e os desafios das comunidades deles. Nós estamos muito felizes de trabalhar com algumas organizações locais  que são grandes parceiros nossos nesta iniciativa. 

É a primeira iniciativa voltada para a região Norte do país neste sentido de dar voz para a população? 

Na verdade faz parte de uma onda de iniciativas que a gente tem nesta área. Temos, por exemplo, um programa bastante bacana que faz o ensino de inglês para jovens da Amazônia com a ideia de fazer exatamente a mesma coisa: preparar os líderes dessas região para poder levantar melhor a sua voz e se comunicar com o resto do mundo os desafios que eles têm. 

Por que a Embaixada Americana se preocupa em promover este protagonismo? 

Isso realmente faz parte da nossa política e da nossa relação com o Brasil. Tudo bem que estamos comemorando duzentos anos das relações diplomáticas, mas para a grande maioria das pessoas quem sabe do que se trata ou o porquê são importantes? A reposta é clara, é a relação entre os dois povos. Temos tanto em comum, especialmente nossos valores democráticos. Sabemos que em questão de preservar o meio ambiente e combater a crise climática quem manda nesta área no Brasil são os brasileiros. O nosso papel é de apoiar estes esforços e realmente achamos a ideia de incluir mais vozes uma das estrangeiras mais importantes em que podemos contribuir. 

E quando a gente fala dessa parceria na geração de emprego e renda para ambas as nações? 

Estamos com certeza muito interessados na prosperidade econômica para os dois países. Realmente quando olhamos para essa relação entre os governos vemos que elas facilitam a criação de mais prosperidade. Não é uma mera troca de documentos entre embaixadas, é como a gente pode trabalhar junto abrir mais oportunidades para os povos. Quando a gente toma esse exemplo vemos que é algo super importante. No comércio, o que é exportado do Brasil para os Estados Unidos, que grande parte é de valor agregado, são produtos que os brasileiros fazem e que ajudam a colocar comida na mesa. Estamos falando de mais de meio milhão de empregos, no Brasil, que dependem destas exportações. É muito importante pra gente também porque temos mais de 130 mil empregos nos Estados Unidos que também dependem das nossas exportações para cá. Então sempre olhamos com o foco no impacto para essas famílias. Somos, de longe, o maior investidor aqui no país, já injetamos mais de um trilhão de reais. 

Como traduzir esses investimentos em resultados? 

A gente está trabalhando nisso, desde o fim do ano passado, para dar energia aos intercâmbios comerciais. Tivemos, por exemplo, uma delegação bem importante de lideranças empresariais dos Estados Unidos que visitaram o Brasil em dezembro de 2023. Já temos novas visitas planejadas durante este ano, não apenas trazendo esses empresários, mas levando os brasileiros também para lá exatamente com o intuito de saber como podemos explorar mais áreas de cooperação e especialmente na transição energética onde o Brasil tem um papel muito importante. Outro setor é a cadeia de produção mundial, olhando para oportunidades de modo que o seu país possa aproveitar as grandes vantagens que ele tem quando falamos da matriz energética e a proximidade com o mercado para a América do Norte. Há muita coisa legal acontecendo aqui e estamos estimulando os nossos empresários a vir e explorar essas oportunidades. 

Devemos ter aqui em Manaus, até o fim deste ano, o primeiro Centro de Inovações da região Norte com foco na bioeconomia. Há espaço pra ele nos planejamentos de parceria? 

A gente sempre trata todos os brasileiros de forma igualitária, isso faz parte da nossa política de igualdade e de inclusão para que todos venham a ser respeitados. Quando a gente fala de investimento e comércio dos Estados Unidos é diferente de alguns países do mundo. Não é que haja um governo federal americano que vai direcionar o empresário. Temos um mercado livre e os empresários que escolhem onde querem investir como fizer sentido pra eles. O que podemos fazer é trabalhar com o Brasil para identificar oportunidades de investimento e saber como podemos desenvolver a ideia. Neste momento não temos uma iniciativa em específico para o Amazonas para anunciar, mas durante todo este ano a gente vai buscar maiores oportunidades. 

Última pergunta: é sua primeira vez em Manaus, o senhor ainda não foi embora, mas já pensa em voltar? 

Eu tenho certeza que vou voltar porque quando a gente tem esses programas e projetos que estão direcionados aos jovens é um grande processo no sentido de ser longo, não estamos aqui pra fazer uma ação e esquecer, é algo de muita interação. Queremos ter uma comunicação contínua e aberta com vocês, nossos amigos.

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