FORMAÇÃO

Em Manaus, curso de formação para novas lideranças ambientais acontece até dezembro

A formação é voltada para indígenas, ribeirinhos, extrativistas e ativistas de diversas regiões da Amazônia

Amariles Gama
online@acritica.com
07/06/2022 às 13:28.
Atualizado em 07/06/2022 às 13:28

(Foto: Phil Lima)

O Dia Mundial do Meio Ambiente, que foi celebrado no dia 5 de junho, é marcado por atividades de proteção e preservação do meio ambiente. Em Manaus, desde a última sexta-feira (3), indígenas, ribeirinhos, extrativistas e ativistas de diversas regiões da Amazônia, participam de um curso de formação para jovens lideranças que atuarão ou também já atuam na região amazônica.

Intitulado “Formação de Jovens Lideranças Transformando Territórios Amazônicos”, o curso começou na semana passada e vai até dezembro de 2022. Serão oito módulos (presencial e virtual) com carga horária de 180 horas. O curso foi elaborado pelo Legado Integrado da Região Amazônica (Lira), projeto do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), e tem como objetivo capacitar jovens que querem ocupar espaço e atuar politicamente na região amazônica.

Segundo a coordenadora do Lira/Ipê, Fabiana Prado, o curso vem para fortalecer o empoderamento da juventude na incidência política dentro de seus territórios. “São jovens que já são engajados em um coletivo político, um movimento social para o fortalecimento das áreas protegidas da Amazônia. Todo esse movimento é para fortalecer esse espírito de grupo e trabalhar de forma conjunta, com atuação na sua localidade, seja na unidade de conservação, na cidade, na região ou em uma ação internacional", destacou.

O jovem extrativista Huéfeson Falcão dos Santos, de 29 anos, atua na Floresta Nacional (Flona) de Tefé, no interior do Amazonas, uma Unidade de Conservação federal localizada no Médio Solimões. Ele veio até Manaus para participar do curso e destaca que o encontro vem para fortalecer politicamente os jovens para que eles voltem para os seus territórios com mais ferramentas para a transformação da realidade local.

“Há uma ideia colonizadora que se repete até hoje, que muitas instituições querem dizer como os povos tradicionais devem gerir os seus territórios. É uma visão de fora que violenta, porque cada comunidade tradicional tem sua forma de gestar seu território, fazer política, fazer uso da terra e do meio ambiente. Esse encontro que junta jovens lideranças da Amazônia é um evento construído coletivamente e que vai na contramão dessas informações colonizadoras”, destacou Huéfeson.

Já a artista independente Tânia Leal, de 25 anos, veio do estado do Amapá para participar do curso. Ela, que já participa de diversos movimentos sociais no seu estado, disse que viu no curso uma oportunidade para a juventude se fortalecer politicamente e ocupar espaços de tomada de decisão. Para ela, somente a vontade de mudança não é suficiente, é preciso também adquirir conhecimento para reagir de forma efetiva e mudar o cenário político ambiental do país.

“É importante que estejamos em todo o lugar que ofereça uma formação sobre noções políticas e estratégias de movimentação política, porque o cenário não está favorável para a juventude amazônida. Vemos muito desmatamento, povos originários, povos pretos e quilombolas de comunidades tradicionais, estão sofrendo na Amazônia, e a gente está com um fogo de mudança muito grande em relação a isso”, disse.

Segundo o biólogo e instrutor do curso, Leonardo Rodrigues, essa formação política irá proporcionar conhecimento aprofundado dos conceitos de democracia, participação social, história, causa, efeito, tempo e espaço, entre outros conceitos, numa busca por melhores condições de vida para esses jovens e para o futuro.

“A ideia fundamental é conseguir criar perspectivas de futuros desejáveis, porque a gente tem vivido um momento de encruzilhada onde os futuros postos são ou um futuro distópico, apocalíptico, por causa de uma guerra nuclear, ou um futuro distópico virtual a partir de um metaverso, e a gente acredita que uma compreensão da história e do papel político pode nos dar condições de perceber um futuro desejável de restauração”, destacou o biólogo.

Ao final do curso, cada aluno vai trabalhar uma ação de atuação dentro da sua localidade, seja na unidade de conservação, na cidade, na região ou em uma ação internacional. Os jovens devem aplicar, na prática, a ação de incidência política, que vai ser construída dentro do curso e aplicada por eles com tutoria da equipe docente do curso.

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