Esse é o perfil para o cargo que administra a ZFM defendido por representantes da indústria e dos empregados do PIM
A Suframa ficará vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que será comandando por Geraldo Alckmin (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Técnico, aberto ao diálogo e com traquejo político. Esse é o perfil idealizado por entidades representativas da indústria, trabalhadores e por parte do poder público para o novo nome que irá assumir a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) a partir de 2023. Em meio às expectativas, possíveis candidatos já têm despontado a uma semana da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Esperamos que seja um nome técnico e que tenha real capacidade para estar à frente da autarquia, porque, hoje, ela representa todo o desenvolvimento econômico e incentivos para o modelo que temos na nossa região. Temos que ter uma qualificação muito técnica para continuar o trabalho que está sendo feito e que dê credibilidade aos investidores que venham para cá”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Antônio Silva.
Ele lembra que o novo nome da Suframa será ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, cujo titular será o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). “Independentemente da pessoa escolhida, vamos ficar no alerta [para o anúncio], porque trabalhamos em cima do diálogo, levando e apresentando fatos. Iremos nos pautar nessa linha de conduta, assim como sempre tivemos na Fieam”, completa.
A indicação para um nome técnico é também a defesa do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faea), Muni Lourenço, que tem uma cadeira como representante dos setores produtivos no Conselho da Suframa.
Vivência
“O nosso pensamento é de que o gestor maior da Suframa tenha a vivência de grandes questões relacionadas ao desenvolvimento regional e seus desafios. Ao nosso ver, é muito importante que esse gestor tenha a competência técnica e habilidade política, que mantenha interlocução com autoridades governamentais, autoridades e os setores produtivos”, ressalta.
Titular da Secretaria Municipal de Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi), Radyr Junior avalia que a futura gestão da Suframa deve manter “o princípio da continuidade” e dar seguimento ao trabalho realizado pelo atual superintendente da autarquia, general Algacir Polsin.
“Penso que a nova administração tem que ser agregadora, somando com que o atual superintendente vem fazendo. Ele foi uma pessoa que deu às outras instituições a oportunidade de poder ser proativas no sistema da Suframa. Tivemos uma interação muito importante para Manaus. As reuniões do Conselho Administrativo foram muito propositivas e os projetos votados, praticamente todos aprovados, geraram empregos de grande importância”, afirma.
Conhecer a região
O presidente da Central Única dos Trabalhadores do Amazonas (CUT-AM) e do Sindicato dos Metalúrgicos (Sindmental-AM), Valdemir Santana, ressalta que a ou o novo superintendente precisa conhecer a região. “A Suframa não é só Manaus. Tem um gerenciamento na Amazônia Legal e, por isso, precisa saber pelo menos onde fica a região, porque tem gente, superintendente, que não sabe nem onde é o Amazonas”, afirma.
Ele defende um nome “técnico e democrático” para a Suframa e critica as gestões anteriores da autarquia por falta de diálogo com as entidades representativas de trabalhadores. “Os últimos nomes no cargo não foram democráticos. Não escutaram a classe trabalhadora, que é quem garante a Zona Franca e a preservação da Amazônia não só para o Amazonas, mas para o Brasil e mundo”, pontua.
Aval político
Ex-superintendente da Zona Franca e atual subsecretário de Assuntos Operacionais da Semtepi, Gustavo Igrejas defende que a futura gestão da Suframa seja liderada por uma pessoa técnica, que tenha conhecimento do modelo econômico, mas também aval político.
“Nos últimos anos, os superintendentes foram indicados pelos ministros, então, acabaram sendo funcionário dos ministros. Nesse caso, quando você tem algum tipo de ataque ao modelo, como a redução do IPI neste ano, o superintendente acaba não podendo se pronunciar e nem lutar contra porque estaria fazendo isso contra as decisões do seu próprio chefe”, explica.
Para ele, a nova superintendência deveria ser escolhida por consenso entre o ministro indicado, Geraldo Alckmin, e a bancada de parlamentares do Amazonas no Congresso Nacional. “É importante que o nome escolhido tenha liberdade para se pronunciar naqueles momentos em que a Zona Franca é atacada, o que não tem acontecido nos últimos anos, não por culpa dos superintendentes, mas em razão do mecanismo que se tem hoje”, comenta.