O comboio, com duas embarcações, iria transportar o combustível bruto do Peru pelo Rio Amazonas, para ser exportado para o mercado europeu
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Mais de 12 tripulantes de um comboio de balsas com mais de 40 mil barris de petróleo estão sob domínio de indígenas kama-Kukamiria, na fronteira do Brasil com o Peru, às margens de um canal no distrito de Puinahua, na região de Loreto, desde a última terça-feira (6). As autoridades do país foram acionadas e montam uma operação de resgate com militares.
O comboio, com duas embarcações, iria transportar o combustível bruto do Peru pelo Rio Amazonas, para ser exportado para o mercado europeu, confirmou a PetroTal, gigante do petróleo e dona de uma refinaria próxima a àrea indígena. Durante o tempo de inatividade, mais de US$ 50.000 por dia são perdidos em futuras alocações de confiança para o fundo conjunto com indígenas, alegou a empresa.
A empresa do Amazonas Cidade Transportes, que realiza o transporte de uma das embarcações, confirmou nesta quinta ao A Crítica que sete tripulantes e dois guias estão em domínio dos indígenas.
A embarcação foi abordada quando saía de Iquitos para a cidade de Bretanha, de acordo com a PetroTal. A empresa afirma que ela não estava carregada de petróleo. Já a outra embarcação, que saiu do porto da empresa em Puinahua, soma mais de 40 mil barris de petróleo armazenados.
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Os indígenas da Associação Indígena para o Desenvolvimento e Conservação do Bajo Puinahua, assumiram a responsabilidade do sequestro.
A associação se opõe a uma recente regulamentação do governo peruano sobre a gestão de um fundo social petrolífero, e considera a retenção das embarcações como protesto.
"Desde que tivemos conhecimento do ocorrido, iniciamos o contato e já estamos tratando com a Novum e o Governo Federal do Peru para convergir com a normalidade de nosso comboio que momentaneamente está retido na aldeia indígena", disse a Cidade Transportes, acrescentando que está empenhando esforços para um desfecho célere e que não irá deixar os funcionários sequestrados desemparados.
"O bloqueio ignora os acordos recentemente assinados que adotam uma abordagem transparente, justa e participativa para alocar recursos do fundo social onde já foram acumulados mais de US$ 8 milhões da PetroTal em uma conta bancária restrita", afirmou a empresa.
Os indígenas temem que a ação dos militares extrapole a operação de resgate dos tripulantes e acabe se tornando uma ação policial contra as comunidades indígenas que reinvidicam maior compensação pela exploração dos recursos.
O governo peruano afirmou ao portal N5, do Peru, que está mediando o caso com os indígenas e a empresa petroleira.
*Colaborou Giovanna Marinho