Amazônia

PF quer ceder prédio ao Ibama para reforçar ações em área que inclui Vale do Javari

Cooperação vem em um momento de agravamento das atividades ilegais no Alto Solimões, que inclui o Vale do Javari, e a cobrança da população por uma maior presença do Estado

Waldick Junior
online@acritica.com
05/06/2023 às 16:59.
Atualizado em 05/06/2023 às 16:59

(Foto: reprodução/internet)

A Polícia Federal e a superintendência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas estão em diálogo para que um prédio do departamento da PF em Tabatinga seja cedido ao órgão ambiental. A cooperação vem em um momento de agravamento das atividades ilegais no Alto Solimões, que inclui o Vale do Javari, e a cobrança da população por uma maior presença do Estado.

"Está havendo um esforço para reabrir essa unidade do Ibama em Tabatinga e eu estive lá [no prédio da PF], conheci o local e apresentei um relatório ao presidente do Ibama para que nós façamos um acordo de cooperação técnica e possamos usar o prédio da PF", afirmou para A CRÍTICA o superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo.

De acordo com ele, a ideia é que o local seja utilizado como base operacional, abrigando servidores que estejam realizando ações na região. "Futuramente queremos reestabelecer uma unidade do Ibama [em Tabatinga] com todos os requisitos, com servidores e quem sabe até um prédio próprio", pontuou.

Em entrevista para a Folha de São Paulo, em março, o presidente do Ibama, Rodrigo Constantino, já havia expressado vontade de reativar a base, apesar de alegar dificuldades. "Não temos condições de reabri-la imediatamente, mas está no nosso planejamento, assim que resolver o problema do efetivo [de servidores]", disse.

Necessidade

A base do Ibama funcionou em Tabatinga até 2018, quando foi fechada definitivamente. Antes, outra representação do órgão em Humaitá já havia sido encerrada em 2017, após o prédio do Ibama ser incendiado por garimpeiros, em retaliação a uma operação. A última base no interior do Amazonas ficava em Parintins, mas foi fechada em 2019. 

Hoje, todas as ações partem de Manaus ou Brasília (DF). Apenas para efeito de comparação, a capital do Amazonas fica a mais de 1,1 mil quilômetros de Tabatinga, colocando a distância como uma barreira para a fiscalização na região.

"Já conversei sobre isso [reabrir a base em Tabatinga] com o presidente do Ibama logo no início da nossa gestão e ele também já vinha entendendo que isso deveria ocorrer. A ideia é ser uma base regional para atender todo o Alto Solimões e o Vale do Javari", afirma Joel Araújo.

Nesta semana em que os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, completam um ano, indígenas voltaram a criticar a ausência do Estado na região. Em 2019, o Alto Solimões também foi palco do assassinato do servidor da Funai Maxciel Pereira, em Tabatinga.

"Não mudou nada [depois dos assassinatos no Vale do Javari]. Está do mesmo jeito. Ameaças continuam. E a presença dos pescadores continua", afirmou à Agência Pública o novo presidente da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Bushe Matís. 

Apesar da ausência de uma base, o superintendente do Ibama afirma que o órgão tem intensificado operações desde o início do ano. "Já executamos duas operações de combate ao garimpo lá [no Vale do Javari], uma de pesca predatória com toneladas de peixes sendo apreendidas e fiscalização na feira [do município] com apreensão de carne de caça", disse.

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