Manaus aponta que o Brasil está entrando 'em uma fase muito difícil', diz OMS
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (15), o diretor de operações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan afirmou que o colapso no sistema de saúde em Manaus acontece pela ausência de distanciamento social

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (15), o diretor de operações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan afirmou que o colapso no sistema de saúde em Manaus não se limita apenas a cidade e ao Amazonas. Segundo ele, nos estados do Amapá e Rondônia também é identificada a crise, principalmente com relação à capacidade de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A informação foi confirmada pelo jornalista Jamil Chade.
O representante da OMS alerta que o Brasil está em uma situação difícil e que se continuar assim, a onda pode ser maior do que a ocorrida nos meses de abril e maio. Ryan acredita que a falta de distanciamento social e exaustão do sistema de saúde tenha sido o maior causador. "Temos de aceitar nossa parte da responsabilidade, como comunidade ou governo. O Brasil está entrando em fase muito difícil", destacou.
Ryan também descartou a possibilidade das condições de tempo e clima terem impulsionando a alta no número de casos da Covid-19. A declaração vai de encontro ao que afirmou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que atribui o colapso no Amazonas a fatores como umidade, logística e falta de tratamento precoce.
“Como no meu país (Irlanda) e em outros, o período de festas de final de ano provavelmente resultaram em muitas pessoas se misturando, como não fizeram antes. Não é inverno nessa parte do mundo. Portanto, não é isso o fator que está impulsionando a situação”, disse.
Conforme o diretor de operações, no caso de Manaus, a preocupação não é apenas com a falta de oxigênio, mas também com recursos humanos, já que profissionais que realizam as testagens também estão se contaminando. A situação tem ocasionado atrasos nos testes e milhares de pessoas aguardam para saberem se estão contaminadas.
Ainda segundo o diretor, equipes de emergência da OMS estão em Manaus e estudam formas de ajudar, inclusive com apoio internacional. Vale ressaltar que nesta quinta-feira (14), o Amazonas bateu recorde em número de novos casos da doença, com 3.816 registros, segundo a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).