Modelo pode se favorecer da preocupação ambiental expressa pelo governo norte-americano e pela União Europeia
(Foto: Arquivo A CRÍTICA)
O processo social, econômico e tecnológico, acelerado no mundo durante a pandemia da covid-19, desafia o futuro da principal fonte de desenvolvimento econômico do Amazonas, a Zona Franca de Manaus (ZFM). Em meio às comemorações dos 54 anos do modelo - neste dia 28 - o A CRÍTICA questionou os representantes e especialistas do setor: afinal, como manter a indústria local competitiva após um período atípico para todo o mundo?
A resposta parece clara aos olhos do economista e doutor em desenvolvimento regional José Alberto Machado. Estudioso da região há quatro décadas ele acredita em uma ZFM para além do amparo Constitucional dos seus incentivos fiscais. Para o pesquisador, em “uma canetada” decretos como a redução da alíquota para importação de bicicletas, por exemplo, de todo modo tiram a seguridade do modelo.
"Na prática sinaliza para o agente produtivo que não há segurança jurídica. Se o Brasil criasse uma Política Nacional de Proteção da Amazônia e incluísse nessa política a ZFM, nós ganharíamos um fórum", propõe.
Na opinião dele, a pandemia por si, escancarou para o mundo a fragilidade de um local que merece a atenção de todo o mundo. Com isso, o contexto internacional de cuidado com o meio ambiente, reforçado por grandes potências como os Estados Unidos e a União Europeia, segundo o economista, podem favorecer projetos de desenvolvimento econômico sustentável na floresta amazônica.
Instabilidade
O economista ressalta porém, que é preciso superar a instabilidade política provocada pela dança das cadeiras do Executivo estadual (nos últimos cinco anos quatro governadores passaram pelo cargo no Amazonas), da Superintêndencia da ZFM (Suframa) e as investidas do governo federal para retirada de incentivos prematura. Para Machado, ainda há uma carência de planejamento estratégico a longo prazo e lideranças políticas com consciência do poder de preservação da Amazônia pela ZFM.
"Não temos por parte do Governo Federal nenhum processo de qualificação da Suframa. A essa altura do campeonato era para o Governo Federal ter na Suframa uma frente de pesquisas produtivas e de natureza ambiental", criticou o economista.
Suframa
O superintendente da Suframa, Algacir Polsin, por sua vez, defendeu o executivo federal, e sobre os constantes ataques ao modelo justificou a necessidade de “conviver com esse tipo de situação” e cabe a autarquia assessorar Paulo Guedes e Jair Bolsonaro (sem partido) para ajudar no processo de decisão dos caminhos da economia regional.
“O governo federal tem total noção da importância estratégica dessa região e da segurança jurídica e da estabilidade do próprio modelo Zona Franca de Manaus. Simultaneamente nós temos nos integrado com todas as forças vivas da sociedade. Temos trabalhado junto com as indústrias, as entidades de classe e as bancadas parlamentares sempre assessorando tecnicamente ao que nos cabe contribuindo dessa forma para preservar o interesse do modelo ZFM”, explicou.
Para Polsin, apesar das dificuldades enfrentadas durante o último ano, alguns setores como os eletroeletrônicos, informática, duas rodas e aparelhos de ar condicionado foram fortalecidos, principalmente, devido a mudança de comportamento dos consumidores.
Como projetos para o futuro, ele indica o fortalecimento do Polo Industrial de Manaus, diversificar as indústrias, incluindo as ligadas à bioeconomia, contribuir para o comércio, serviços e o turismo, melhorar o ambiente de pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de espraiar o desenvolvimento para diferentes áreas da Amazônia Ocidental e Macapá/Santana.
O plano prevê ainda a criação de projetos de modelos econômicos temáticos como distrito Agroindustrial de Rio Preto da Eva; uma cidade inteligente, Manacapuru; e uma região de desenvolvimento sustentável e o projeto a AMACRO, para o desenvolvimento agropecuário.