Cirandas: de festas escolares à magia grandiosa
As cirandas Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional nasceram de formas similares em Manacapuru, nas escolas públicas dos municípios. Política, aspectos sociais e culturais moldaram as agremiações ao que são hoje. Veja como foi essa transformação 01/09/2013 às 14:03
Quem vê a grandiosidade e sofisticação do Festival de Cirandas de Manacapuru hoje, não imagina os primórdios da festa folclórica. Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional tiveram inícios parecidos, em escolas públicas do município amazonense, e só viraram agremiações devido a um impasse político. Veja como toda essa magia começou, devido principalmente ao trabalho de pedagogos interessados na cultura popular regional.
Tudo começou quando o professor José Silvestre do Nascimento Souza levou para Manaus, entre outras celebrações, a dança “ciranda de Tefé”, em alusão ao local onde o ritmo se popularizou. Sua ideia era ensinar aos alunos do colégio Sólon de Lucena uma celebração folclórica, inspirado em festas regionais, para ser apresentado pelos estudantes.
Mas foi a professora do pré-escolar Perpétuo Socorro de Oliveira que trouxe, em 1980, a dança brincante ao município de Manacapuru, para ensinar aos alunos do colégio Nossa Senhora de Nazaré, ao lado da Igreja da Matriz. Foi quando a Ciranda de Nazaré virou sucesso instantâneo. Nascia aos poucos a Flor Matizada.
Durante cinco anos, a Ciranda de Nazaré reinou sozinha no Festival Folclórico de Manacapuru, celebrado no aniversário da cidade no dia 16 de julho, onde se apresentava sozinha
.
Em 1985, alunos dissidentes da Ciranda de Nazaré foram estudar no colégio José Seffair, levando consigo a tradição e, com a ajuda da professora Teresinha e de Gaspar Fernandes, deram vida à Ciranda do Seffair, que anos depois mudaria seu nome para Tradicional.
Já em 1991, a escola José Mota decide também entrar na brincadeira e cria a Cirada da Mota, primeiro nome da azul e vermelha Guerreiros Mura.
Devido à sua localização geográfica, as cirandas começaram a competir entre si no Festival Folclórico do município e levavam cada vez mais pessoas para as apresentações, principalmente as que moravam nos bairros ou redondezas das escolas-casas das cirandas.
Enquanto a Flor Matizada nasceu no Centro e surpreendia os bairros do Biribiri, São Francisco e Correnteza, a Guerreiros Mura encantava o Liberdade (maior bairro de Manacapuru, hoje com 11 mil moradores), Aparecida, Figueirinha e Mutirão. Já a Tradicional engloba os bairros Terra Preta, São José e União, principalmente.
Mudanças fundamentais
Em 1996, por questões políticas – uma portaria estadual proibiu que escolas públicas participassem de festivais folclóricos – as cirandas, com o apoio do então prefeito Ângelus Figueira, viraram agremiações oficiais. As cirandas mantiveram suas cores mas adotaram novos nomes, para se desvincularem das escolas onde nasceram.
Na tentativa de inovar ainda mais, as cirandas deixaram um pouco de lado a característica carnavalesca e do boi-bumbá, mas mantiveram elementos essenciais dos dois. Incorporaram a parte cênica, musical e coreográfica, os três pontos mais importantes atualmente, para criar uma fusão de culturas e dar à ciranda a cara que tem hoje.
A desvinculação de vez se deu quando decidiram mudar a data de apresentações das três agremiações para uma data pouco mais distante do aniversário de Manacapuru. O Dia do Folclore, celebrado no dia 22 de agosto, serviu como base para fixar a nova data e desde então a competição acontece num fim de semana próximo ao dia comemorativo.
Em 1997 aconteceu a primeira edição do Festival de Cirandas e a transferência para o complexo do Parque do Ingá, no Centro, se deu no ano seguinte. Com a construção do “cirandodrómo”, bancado pela Prefeitura, o local se tornou a casa oficial das competições até hoje e, em breve, deve ganhar galpões nas proximidade para abrigar as três agremiações.
O 17o Festival de Cirandas de Manacapuru tem seu encerramento na noite deste domingo (1) com a apresentação da Ciranda Tradicional. Acompanhe pelo ACRITICA.COM, Jornal A Crítica e RedeTV!, todos da Rede Calderado de Comunicação.
Campeões do Festival de Cirandas de Manacapuru (1997-2012)
1997 - Flor Matizada
1998 - Flor Matizada
1999 - Guerreiros Mura
2000 - Guerreiros Mura
2001 - Tradicional
2002 - Flor Matizada
2003 - Guerreiros Mura
2004 - Guerreiros Mura
2005 - Guerreiros Mura
2006 - Flor Matizada
2007 - Guerreiros Mura
2008 - Guerreiros Mura
2009 - Tradicional
2010 - Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional
2011 - Guerreiros Mura
2012 - Flor Matizada
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