Campeonato resgata língua indígena em risco de extinção na Amazônia
Aproximadamente 1 mil indígenas de ao menos duas etnias falam a língua paumari em Lábrea
Indígenas de cinco comunidades dos povos Paumari e Apurinã, que habitam a região central do Amazonas, participaram na última sexta-feira (24) de um competição que busca preservar a língua paumari, que corre risco de extinção, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA).
O evento aconteceu no município de Lábrea, distante 701 quilômetros de Manaus, entre os dias 11 e 13 de janeiro, mas os vencedores só foram anunciados na sexta-feira (24). Nesta edição, a comunidade vencedora foi 'Ilha da Onça'. Em segundo lugar ficaram empatados os indígenas das comunidades de Morada Nova e Extrema.
Para Edilson Palmari, a competição visa fortalecer os povos indígenas por meio da valorização da língua originária. "Coletamos material para elaboração de livros didáticos bilíngues, produzimos desenho animado a partir das histórias selecionadas pelo júri e gravamos músicas tradicionais durantes as atividades", salienta o idealizador do Programa Sou Bilíngue Intercultural. Por meio do 'Sou Bilíngue' os jovens indígenas aprendem mais sobre o idioma nativo.
O campeonato é dividido em categorias como natação, corrida, competição de apneia debaixo d'água e a competição de criação de narrativas na língua originária de ambas etnias. Toda interação entre os participantes e competidores deve ser feita em linguagem paumari para obter pontos.
O método faz parte do Projeto de Ampliação do Vocabulário Através do Diálogo para Fortalecer a Língua Paumari, que conta com apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (Focimp); Organização de Articulação do Desenvolvimento do Povo Paumari e Apurinã (OADPAM); Movimento dos Estudantes Indígenas de Lábrea (MEIL); Secretaria de Estado de Juventude Esporte e Lazer do Estado do Amazonas (SEJEL).
Paumari
Aproximadamente 1 mil indígenas de ao menos duas etnias falam a língua paumari em Lábrea, conforme levantamento da Fundação Nacional de Saúde. O risco de extinção do idioma nativo se deve ao largo histórico de contato com comerciantes locais, e do avanço do modelo de vida urbano entre indígenas de pelo menos 10 aldeias na região do rio Purus.
*Com informações da assessoria da Funai