General criticou atuação de entidades ligadas à Igreja Católica que atuam em projetos na Amazônia. Sínodo acontece em Outubro, no Vaticano
(Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
O padre Luís Miguel Modino, da Rede Eclesial Pan- Amazônia disse que a igreja católica respeita as opiniões e não quer confrontar o ex- comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas, mas as informações recolhidas pelos missionários e pela igreja para o Sínodo para a Amazônia devem respeitadas. Na segunda-feira (2), Villas Bôas, atual assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que os dados obtidos estão distorcidos e que não condizem com o que acontece na Amazônia.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o assessor disse que o governo Bolsonaro está preocupado em como os temas do Sínodo, que acontecerá entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano. Para o general, a preocupação é em como as informações vão chegar à opinião pública internacional “porque certamente vai ser explorado por ambientalistas”.
“Eles [bispos] não são inimigos, mas estão pautados por uma série de dados distorcidos, que não correspondem à realidade do que acontece na Amazônia. Seria muito mais proveitoso que eles, institucionalmente, procurassem o governo brasileiro para se inteirar do que realmente está acontecendo, das intenções, das práticas e o progresso que o governo quer implantar para aquela região”, afirmou Villas Bôas.
Modino, por sua vez, ressaltou que 87 mil pessoas das capitais e interior foram ouvidos para contarem sobre a realidade de onde vivem. Nos relatos, as pessoas falaram sobre poluição de rios resultado, sobretudo, do extrativismo, das mineradoras, garimpos, madeireiras e agricultura em grande escala. O padre lembrou que a igreja se faz presente em muitas áreas da Amazônia sendo, em muitos casos, o único auxílio.
“Não é a igreja que fala, a igreja apenas escuta e recolhe os dados que eles mesmos dizem e podem ser comprovados, porque estão registrados em várias atas, podem ser consultados, não é um material que fique oculto. Se os dados estão distorcidos pode ser que o povo esteja enganado, mas eu duvido muito que o povo esteja enganado. Quem mora lá é o povo e quem sabe o que acontece lá é o povo. A gente não está colocando em dúvidas as outras informações, mas devem ser respeitadas as informações que a própria igreja tem e que são frutos de muito tempo e muitos lugares, e respeitando as vozes dos povos. Não é uma coisa que a gente faz em função de um interesse” assegura.
Sínodo
O Sínodo para Amazônia tem como tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”. O encontro será no Vaticano e visa conhecer a riqueza do bioma, reconhecer as lutas e resistências do povos da Amazônia, conviver com o modo de ser de seus povos e o modo de vida não capitalistas adotado e assimilado milenarmente, e defender os povos e territórios.
O Sínodo foi proposto pelo Papa Francisco, que receberá bispos, membros da igreja e pessoas envolvidas nas causas ambientais e dos povos tradicionais. Políticos foram vetados.