Poluição: Óleo de cozinha acaba nos igarapés e no rio Negro
Até 2012, a Prefeitura de Manaus tentou implantar a coleta de óleo de cozinha nos oito Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) de coleta seletiva de Manaus

Embora seja notório que o óleo de cozinha despejado no esgoto é um dos principais poluentes de rios, igarapés e do solo, além de causar prejuízos à vida de animais e do próprio homem, Manaus não tem nenhum ponto de coleta disponibilizado pelo Executivo municipal que destine o material para reciclagem.
Quase 100% do óleo de cozinha usado em residências, bares, restaurantes e hotéis na capital vão parar na rede de esgoto e seguem pelos igarapés até chegar ao rio Negro. O porcentual de poluição na cidade é desconhecido, mas cada litro de óleo contamina o equivalente a um milhão de litros de água, conforme dados da comunidade científica.
Até 2012, a Prefeitura de Manaus tentou implantar a coleta de óleo de cozinha nos oito Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) de coleta seletiva de Manaus. O projeto foi amplamente divulgado, mas poucas pessoas se tornaram adeptas do descarte correto do óleo de cozinha. A baixa procura resultou no cancelamento da coleta. Os PEVs continuam funcionando, mas apenas no recebimento de materiais, tais como, plásticos e papelão.
A população manauara tem como costume histórico comer peixe e muitos são fritos em óleo. O costume se estende também para o descarte do óleo utilizado na fritura no ralo de pias ou nas chamadas caixas de gordura.
Em entrevistas anteriores A CRÍTICA, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), Sérgio Bringel, disse que os danos causados ao meio ambiente pelo óleo de cozinha são severos e interferem no equilíbrio de ecossistemas naturais. Ele explicou que na água, o óleo impede a passagem de luz e reduz o crescimento vegetal e a transferência de oxigênio para a água. O dano faz com que a vida aquática sofra sérios prejuízos como a morte de muitas espécies que vivem nos habitats em decorrência da poluição da água.
No solo, o óleo causa a impermeabilização do terreno e impede que a água da chuva, por exemplo, penetre na terra.
Experiência positiva no Tribunal de Justiça
O que ainda existe como opção para o descarte correto de óleo na cidade é uma iniciativa isolada do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM).
O órgão firmou uma parceira com a Eternal – Indústria, Comércio, Serviço e Tratamento de Resíduos da Amazônia, em julho do ano passado. Servidores e moradores vizinhos ao tribunal entregam o material em garrafas PET. Depois ele é depositado em recipientes apropriados no ponto de coleta montado na garagem do tribunal até a empresa fazer o recolhimento e transformá-lo em biodiesel.
No início do mês, o TJAM entregou 500 litros de óleo de cozinha utilizados à Eternal provenientes de 250 vizinhos e funcionários do órgão.
A iniciativa foi aberta inicialmente apenas para servidores do TJ-AM, mas como deu certo, moradores Aleixo, Petrópolis e São Francisco também começaram a entregar o material no posto de coleta. “Estamos abrindo o caminho para que outras instituições sigam o nosso exemplo e diminuam a agressão ao nosso planeta”, disse o juiz da Vara Especializada do Meio Ambiente e Questões Agrárias (Vemaqa), Adalberto Carim Antonio. A coleta ocorre por conta da parceria, mas a empresa é particular. Caso a pessoa queria que a empresa faça o recolhimento terá que pagar R$ 1,50 por litro.
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