Sepultamento de soldado morto em quartel leva multidão às ruas de Borba
Jhonatha foi morto por um tiro enquanto estava em serviço no 7° Batalhão de Polícia do Exército. Família denuncia que ele foi vítima de tortura
O velório do soldado do Exército Jhonatha Correa Pantoja, de apenas 18 anos, levou centenas de pessoas as ruas de Borba, na tarde desta terça-feira (4). Os moradores da cidade distante 145 quilometros de Manaus acompanharam o cortejo até o cemitério São Francisco de Assis em motos, de carro e a pé. Jhonatha foi morto por um tiro enquanto estava em serviço no 7° Batalhão de Polícia do Exército Brasileiro, na madrugada de segunda-feira (3). Família denuncia que ele foi vítima de tortura.
“Ele [Jhonatha] me mandava mensagens, dizendo que espancavam como forma de treinamento de resistência”, afirmou Aline Batista, tia de Jhonata. Em nota emitida nesta terça-feira (4), o Comando Militar da Amazônia (CMA) informou que, “após ouvido um disparo, o plano de defesa do aquartelamento do 7° BPE foi acionado. O Soldado Jhonatha foi encontrado caído com o seu fuzil, o qual foi recolhido para a perícia do armamento”. O caso ocorreu por volta das 3h5.
O CMA disse, também, que o militar foi socorrido, ainda com vida, e levado ao Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto, onde foi constatado o óbito, por volta das 3h30.
Aline Batista, esposa do tio da vítima, informou que colegas de farda do jovem estiveram presentes no velório do soldado, e que eles haviam sido instruídos a manterem sigilo das informações, mas encorajaram a família a cobrar a abertura de inquérito.
Um deles teria visto o corpo de Jhonatha em uma cova, além de ter presenciado o momento no qual funcionários do quartel limpavam o sangue do local onde Jhonatha foi encontrado morto, conforme relatou a familiar.
A familiar disse, ainda, que o Exército devolveu os pertences do soldado à família, mas ainda não o celular do falecido.
Jhonatha servia há cerca de seis meses e veio de Borba a Manaus. Morava com familiares. “Ele era carinhoso. Nunca nos deu problema em nada. Estava realizando o sonho dele”, disse uma parente, no Aeroclube, momentos antes de embarcar para ir ao município de Borba
*Colaborou Filipe Távora