Amazonas fecha 1º semestre com mais de 2 mil casos de tuberculose
A falta de saneamento básico e o diagnóstico tardio são algumas das explicações para a alta incidência de casos de tuberculose no Amazonas

A falta de saneamento básico e o diagnóstico tardio são algumas das explicações para a alta incidência de casos de tuberculose no Amazonas. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), em 2016 foram diagnosticados 2.809 casos no Estado; em 2017 foram 3.059; e em 2018 foram 3.165. Neste ano, só no primeiro semestre, já foram diagnosticados 2.133 casos.
A médica pneumologista Socorro Cardoso explica que a tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa que ataca, principalmente, os pulmões, mas que pode afetar também outros órgãos, como os rins e o cérebro. “O contágio acontece pelo contato com secreções respiratórias, por meio de tosse, espirro e da fala. Os principais sintomas são tosse persistente por mais de duas semanas, febre baixa, perda de peso e sensação de cansaço”, diz, destacando que a doença tem cura se o paciente seguir o tratamento com disciplina. “Pacientes renais crônicos, diabéticos ou portadores do vírus HIV são mais vulneráveis à tuberculose”, pontuou.
Os sintomas da tuberculose são confundidos, muitas vezes, com os da gripe e os da pneumonia – o que explica por que tanta gente demora a procurar um especialista. Contudo, o principal sintoma da doença é a tosse insistente na forma seca. Por isso, a recomendação é que a pessoa com tosse por três semanas ou mais procure o médico para que uma investigação seja realizada. Há também outros sintomas que podem estar presentes, como a febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e cansaço frequente.
Conforme a coordenadora do programa estadual de Controle da tuberculose, Marlucia Garrido, da FVS-AM, a tuberculose é um problema grave na saúde pública do Amazonas há muitas décadas. “A demora no diagnóstico da doença favorece a transmissão para mais 10, até 15 pessoas. Além disso, pessoas que abandonam o tratamento continuam transmitindo a bactéria para outras pessoas e podem desenvolver bactérias resistentes ao tratamento de seis meses”, orientou. “A falta de investimento por parte dos gestores municipais de saúde e de informações nos meios de comunicação para a população também são fatores que contribuem para a manutenção do alto índice de tuberculose no Amazonas”, disse.
Ainda segundo Marlucia, erradicar a doença no Estado é difícil por conta da grande carga de pessoas infectadas. “Mesmo assim, o diagnóstico precoce e oportuno é o primeiro passo para controlar a doença. Para isso, o sistema de saúde precisa ter diagnóstico e tratamento acessível em toda rede de saúde e que os gestores de saúde mantenham a tuberculose como doença prioritária para controle em todos os níveis” opinou.
O tratamento da tuberculose dura, no mínimo, seis meses, é gratuito e disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento é realizado, preferencialmente, em regime de Tratamento Diretamente Observado. Caso siga o tratamento realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de forma correta, o paciente pode ficar curado. Nos casos mais graves, o paciente é encaminhado para a Policlínica Cardoso Fontes, na rua Lobo D’Almada, Centro de Manaus, que é referência da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) no combate à doença.
Laboratório do Estado é referência
Na luta contra a tuberculose, a rede estadual conta com o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM), da FVS-AM, recentemente habilitado pelo Ministério da Saúde como o terceiro maior laboratório de referência em diagnóstico de tuberculose e de micobacterioses não tuberculosas do País, conforme foi publicado no Diário Oficial da União (edição nº 173) no dia 6 de setembro.
Com 40 anos de existência, o Lacen-AM sempre foi considerado referência na realização de exames mais complexos de tuberculose. Ao todo, 184 profissionais atuam nos 43 laboratórios da capital e 24 do interior. “É importante para o Amazonas o reconhecimento da competência técnica do Lacen-AM porque fortalece a região Norte no que diz respeito ao diagnóstico da tuberculose em benefício da população”, frisou a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose, Marlucia Garrido.