Com fim do auxílio emergencial e a subida dos preços dos alimentos, está cada vez mais difícil para o amazonense conseguir montar uma mesa farta em casa
(Foto: Reprodução/Internet)
Com o aumento do preço de itens da cesta básica como arroz e feijão, inúmeros amazonenses buscam alternativas para driblar os impactos causados na mesa da família, já que não se pode mais contar com o auxílio emergencial do Governo Federal durante a pandemia da Covid-19.
O analista fiscal Danilo de Oliveira Rodrigues, 28, comenta que precisou aumentar a ajuda de custo em casa por conta da subida de preços dos alimentos. Pai de um menino de 12 anos, ele deixou de comprar queijo e iogurte para dar prioridade a outros itens.
“Eu não faço as compras em casa, mas dou parte do dinheiro do rancho. Antes da pandemia, a cota de cada um em casa era 150 reais. Resumindo, a gente comprava comida para um mês com 600 reais. Agora, com o aumento de tudo, nós aumentamos para 250 reais. Hoje, fazemos o rancho com mil reais e ainda comprando as coisas mais baratas”, ressaltou.
“A gente sentiu o aumento mais na carne, que era o que a gente mais costumava comprar e aí agora, nós passamos a comer mais frango. Já as marcas de arroz e feijão, são aquelas ‘de segunda’. Nós deixamos também de comprar coisas como queijo e iogurte, essas besteirinhas que a gente costuma ter na geladeira, porque está dando só para o essencial”.
O mesmo acontece na casa da autônoma Luciane Batista Ramos, 35 anos. Ela compra apenas os itens que não podem faltar na mesa como o feijão e macarrão. “A carne está muito cara. Para se ter ideia, nós encontramos ao preço de R$ 42 o quilo. O arroz, por exemplo, nós estamos trocando pelo macarrão. O óleo de cozinha e o leite em pó não diminuem de preço. O que a gente observa é que cada item sai a R$ 10”.
A pandemia é uma das razões para o aumento de preços
De acordo com a economista Denise Kassama, existem vários fatores que podem influenciar no aumento de preços dos itens alimentício, como o dólar. Para se ter noção, 1 dólar americano é o equivalente a R$ 5,44, na cotação desta terça-feira, dia 23. Ela destaca que a alta da moeda americana também impacta no aumento de combustível e consequentemente, na chegada e reposição de alimentos.
“Com o dólar em alta, torna mais interessante para os produtores exportar do que abastecer o mercado local. Então, acabam direcionando boa parte da produção para o mercado externo. A quantidade que fica para venda no mercado interno é menor, e quanto menor a oferta, maior o preço”, explicou. “O dólar alto também impacta na política de preços sobre o combustível e quando o combustível aumenta, tudo que depende dele, aumenta também”.
A pandemia também é outro fator para o aumento de preço dos alimentos como afirma o economista, Martinho Azevedo. “Nós estamos completando um ano de pandemia, o que fez com que todas as atividades econômicas funcionassem de forma precária. Então, a pessoa que produz verdura foi obrigada a comprar insumos mais caros, a enfrentar dificuldades de logística de produtos, por isso levou-se ao aumento da venda. É até difícil falar em substituições de alimentos por que se tem pouca margem para manobras”.
Pesquisa e criatividade na hora da compra de alimentos
A economista Denise Kassama aconselha o consumidor a pesquisar itens que cabem no bolso, investir na criatividade na hora de cozinhar e ainda valorizar produtos locais como frutas, legumes e peixes amazônicos.
“Não dá para comer contra file ou filé mignon. Tente um cozidão de carnes menos nobres, acrescente verduras e legumes, principalmente os produzidos na região. Valorize o que é produzido localmente por que é mais barato e ainda gera renda para a agricultura familiar. A macaxeira, por exemplo, é tão boa quanto a batata”, finalizou.