Famílias são notificadas para deixar prédio conhecido como ‘Titanic’ no Centro de Manaus
De acordo com representantes da Defesa Civil Municipal, o ‘Titanic’ não tem condições de abrigar as famílias que estão no local

Pelo menos 15 famílias que residem no prédio conhecido como ‘Titanic’, localizado na rua Mundurucus, Centro de Manaus, devem deixar o local até a próxima segunda-feira (20).
A decisão foi tida em conjunto pelas Secretaria do Centro, Defesa Civil, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (CRE-AM), Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh), Eletrobras Amazonas Energia, Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) entre outros, após a constatação de risco eminente à vida dos moradores e vizinhos do local.
As famílias foram informadas da ordem de desocupação na tarde desta sexta-feira (17). Já o proprietário do prédio, um homem conhecido como Ivan, terá que apresentar um Plano de Demolição Voluntário, após 24 horas da notificação expedida pela Defesa Civil.
Caso ele não responda a notificação, ele receberá um auto de infração da Prefeitura de Manaus, que cobrará o cobrará com multa. Após, este período o Poder Publico poderá demolir o espaço e enviar ao proprietário os valores gastos na ação.
Sem luz
Para pressionar a desocupação das instalações a concessionária Manaus Energia, cortou a rede elétrica do prédio. De acordo com o engenheiro do Implurb, Jocimar Milon, a permanência das pessoas no local é inaceitável, já que lá correm os mais variados riscos.
“São irregularidades de todas as ordens, a estrutura encontra-se danificada, e rede elétrica está completamente exposta. Sem falar há falta de higiene, animais dos mais variados vivem junto com os moradores, incluindo crianças”, explicou.
Vivendo no ‘Titanic’ há 14 anos, o pedreiro Alexandre Gomes Ferreira ,34, diz que todos conhecem os risco de viver no prédio condenado. Mas, segundo ele vale apena assumir o risco, quando não se tem dinheiro e nem onde morar.
“É muito fácil condenar nossa moradia aqui. Mas, não é em todo lugar que se acha um aluguel de R$ 130. Se tivéssemos como pagar algo melhor, não estaríamos nesta situação lastimável”, desabafou.
Irregularidades
No prédio visitado nesta sexta-feira pela reportagem é possível observar a existência de várias infiltrações, e inúmeras ligações clandestina de água e luz. Para residir em um dos quartos do ‘Titanic’ os moradores tem que desembolsar mensalmente R$ 130, e ainda dividir o uso dos poucos banheiros entre si.
Mãe de um menino de 11 anos e uma menina com necessidades especiais de 8, a dona de casa, Ionara Lucy Rebelo da Silva, 38, resolveu morar no prédio quando seu filho mais velho tinha um ano e seis meses, ela está dividida entre a esperança de conseguir um lugar para morar com seus filhos e marido, e o medo de ser abandona a própria sorte. Ionara, afirma que a renda do marido não suporta o pagamento de um aluguel acima do que atualmente pagam.
“Eu garanto que se pudesse não estaria aqui com meus dois filhos. Quando chove isso aqui é uma tormenta, molha tudo e chega até a tremer. Se tivermos que sair daqui, teremos que morar debaixo da ponte”, lamentou.
Insalubre
O prédio é composto por sete andares, o térreo contém garagem e uma escada que leva ao outros compartimentos. Pela falta de paredes de tijolo, os moardores tiveram que construir paredes de papel e compensado, que nos dias de chuva muitas vezes são arrancados pelo vento.
Além da péssima estrutura, o local é dominado por mofo, entulho e animais. Ao menos 10 crianças dividem o espaço, com gatos, cachorros, ratos entre outros. As escadas que levam aos andares mais altos não possuem qualquer grade de proteção, e vizinhos do ‘Titanc’ reclamam de circulação e consumo de entorpecentes no local.
“Acho a iniciativa uma boa não só para resguardar a vida de quem mora ai, mas também para a nossa segurança. Trabalho nas proximidades do prédio e perdi as contas de quantas vezes vi pessoas se drogando ai”, relatou uma mulher que trabalha próximo ao prédio e não quis se identificar com medo.