Haitianos abandonados em aeroporto serão levados para abrigos do Governo
Grupo de mais de 50 estrangeiros está em Manaus há dias esperando resposta de companhia aérea. Segundo a Sejusc, mais de 150 podem estar na mesma situação. Anac oficiou companhia aérea a prestar esclarecimentos

Mais de 50 haitianos abrigados no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, na Zona Oeste, serão levados para abrigos da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc). O grupo está em Manaus após problemas em voos da empresa Insel Air. Ontem, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou que a companhia preste informações sobre cancelamentos na rota Curaçao/Manaus.
Todo o grupo estava hospedado em um hotel na capital aguardando uma resposta da empresa, porém, devido à falta de informação da companhia com o hotel, o grupo foi deixado por volta das 8h30 no aeroporto sem qualquer solução.
A secretária de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Graça Prola, disse que o Governo do Estado está acompanhando o caso dos haitianos desde a madrugada. Ela afirmou que eles devem ser levados para três abrigos da rede. Além dos 50 estrangeiros encontrados no aeroporto, o órgão estima que outros 100 haitianos estejam com o mesmo problema.
“Eles aceitam o acolhimento temporário para não ficarem aqui no aeroporto, e já providenciamos as vagas nos abrigos disponíveis na rede”, disse ela.
Servidores do Programa Estadual de Proteção, Orientação e Defesa do Consumidor (Procon-AM) estiveram no aeroporto durante a manhã para realizar um mapeamento da quantidade haitianos sem voos e buscar contato com a empresa aérea.
“Do ponto de vista dos direitos do consumidor que também são feridos, nós já acionamos o Procon para acionar a Anac ou acionar através do Procon no Rio de Janeiro o correspondente da empresa aqui no Brasil. É o único contato que nós temos, que mesmo assim não está atendendo”, declarou.
Sem respostas
Na manhã desta sexta-feira (3), dezenas de estrangeiros continuavam no saguão do aeroporto aguardando informações sobre um possível retorno para casa.
O haitiano Marckens Viki Gelin, 25, veio do Haiti para Manaus em busca de um novo voo para São Paulo, capital onde mora e trabalha como montador de móveis. Ele diz estar faltando o trabalho há três semanas por conta das falhas da Insel Air.
“Não sei se vou voltar e continuar trabalhando. É uma falta de respeito porque pagamos por essas passagens”. O boleto pago por ele mostra que o trecho de ida e volta custou R$ 3.061.
Sozinho em Manaus, ele conta que os companheiros de voo têm se ajudado financeiramente e compartilhado informações no contato com os brasileiros, pois segundo ele, poucos falam a Língua Portuguesa.
“Não tenho dinheiro para comprar nova passagem nem a minha família... Eles (Insel Air) nos deixaram aqui abandonados, sem lugar para dormir. Meu dinheiro está acabando até para comprar comida”, disse ele.
Histórico de problemas
A Insel Air começou a operar em Manaus em 2015, iniciando com a rota para Aruba e depois, em julho do mesmo ano, oferecendo os voos para Curaçao. Desde o ano passado, no entanto, os problemas enfrentados pelos passageiros da empresa são recorrentes. Muitos cancelamentos vem sendo registrados, tanto saindo de Manaus quanto saindo de Curaçao, o principal 'hub' - base para os voos - da companhia.
A situação levou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a oficiar a empresa para que ela preste esclarecimentos a respeito dos motivos dos problemas. A Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur) também procurou a empresa, e segundo a diretora-presidente do órgão, Oreni Braga, a posição oficial da Insel é que ela está em fase de venda para a Avianca, que deve assumir seus voos.
A reportagem tentou nesta sexta-feira (3 uma nova resposta da Anac para o caso dos haitianos, mas até a publicação desta matéria não obteve sucesso. Em todas as matérias publicadas previamente pelo Portal A Crítica a respeito das falhas da Insel, nunca houve sucesso na busca por um posicionamento da empresa.