Industriário usa parte do salário para doar brinquedos a vítimas do incêndio
Renan Barouna, de 21 anos, usou o dinheiro que recebeu como participação nos lucros da empresa para comprar brinquedos e entregar para vítimas. Ideia partiu do filho pequeno

Parte das famílias que perderam suas casas decorrente do grande incêndio ocorrido na noite de ontem (17), no bairro Educando, zona Sul de Manaus, recebem o acolhimento, serviços de saúde e doações em pontos estratégicos, como na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro localizado na rua Inocêncio de Araújo.
No local, em meio à tragédia, acabam encontrando pessoas que resolveram doar aquilo que tinham pra ajudar quem mais precisa. Este é o caso do industriário Renan Barouna, 21, que gastou toda participação de lucros que recebeu da empresa na qual trabalha para comprar brinquedos e doar às crianças. "Eu estava na fábrica, trabalho no segundo turno, aí quando cheguei em casa eu recebi essa notícia. Eu vi várias crianças e como estamos no Natal, o meu filho perguntou se a gente podia levar alguns brinquedos. Na hora me veio a ideia e comprei os brinquedos com todo o meu salário.Eu e meu irmão viemos distribuir", disse ele, que levou,em duas grandes sacolas, bolas, bonecas, carinhos, dentre outros.
O proprietário do Modelo, empresa de biscoisos de Manaus, Francisco Esteves, doou de 300 a 400 quilos de variados tipos de biscoitos. "Eu moro próximo aqui na avenida Carvalho Leal e acompanhei o fogaréu mas nao tinha ideia do tamanho das proporções. Eu acho que um pouquinho de cada um nesse momento é muito importante", ressaltou.
Em meio aos atos de solidariedade, as memórias do momento trágico ainda vivem. A vendedora Marivane Beraldo, 34, é mãe de quatro crianças e contou a reportagem o desespeiro que sentiu na hora do incêndio.
"A gente ouviu o povo gritando: 'Olha o fogo, olha o fogo'. Aí os meus filhos começaram a gritar, saimos dentro de casa correndo, queria voltar para salvar alguma coisa mas não tinha como. Única coisa que consegui pegar foi a minha bolsa e a minha identidade, mas queimou tudo. O meu filho pequenininho ficou em pânico, as minhas filhas estavam gritando pensando que eu estava em casa".
A autônoma Angela Alves de Sousa, 47, moradora da rua Nogueira, perdeu tudo inclusive seus documentos. Na hora do sinistro, ela estava com os três filhos.
"Ninguem sabe o que aconteceu de fato, o que sabemos é que foi um fogaréu bem rápido e ninguém teve tempo de nada. O tempo que tivemos foi só mesmo de correr, e o povo ajudando a jogar água e nada", conta.