Danos de obra em Área de Preservação causam transtornos no Conj. Acariquara
Empreendimento que desmatou e aterrou área verde foi embargado
Uma obra já embargada pela prefeitura em uma Área de Preservação Permanente (APP)segue preocupando moradores do Conjunto Acariquara, Coroado, na Zona Leste de Manaus. De acordo com os denunciantes, o desmatamento e o aterro estão causando, além de impactos ambientais, transtornos às famílias da área, pois o terreno é um dos responsáveis pela drenagem da água da chuva do conjunto.
Os problemas com a drenagem do conjunto começaram há sete anos. Originalmente havia dois bueiros no final da rua principal do Acariquara 2, cada um em um lado da rua. Contudo, a tubulação do bueiro do lado esquerdo foi demolida pelo morador de um terreno localizado na comunidade Tukanos, Zona Leste da capital. Dessa forma, a água da chuva ficou limitada apenas ao bueiro do lado direito que leva toda a água do conjunto para uma área verde que fica abaixo do Lago Acariquara, em uma área central e rodeado por cerca de 230 casas.
Moradores contam que esta área verde possuía uma precária passagem da drenagem para um lago do terreno ao lado, na Tukanos, e depois seguia para a drenagem do igarapé que adentra o Ouro Verde – que faz parte da Bacia do Mindu. O limite entre a comunidade Tukanos e o Conjunto Acariquara é limitado por um muro de 140 metros que foi construído e mantido por ação comunitária e voluntária dos moradores do conjunto.
A “dor de cabeça” começou em agosto de 2018, quando foi iniciada uma obra não licenciada no terreno, derrubando árvores, destruindo parte do muro e, por conta da operação de terraplenagem, obstruindo o que ainda restava do sistema de drenagem da água pluvial.
Ainda em 2018, a obra foi embargada. Contudo, de acordo com denunciantes, a terraplenagem não foi interrompida e, com parte do muro destruído, a terra foi jogada além do limite dos terrenos, dentro da área verde – obstruindo a drenagem, alagando o terreno, o que consequentemente vem matando as árvores.
Os moradores fizeram várias denúncias e o empresário foi multado várias vezes por órgãos da prefeitura, mas isso não foi suficiente para impedir as ações no local. “Nossa preocupação é que pode haver um desmoronamento que prejudique o lago do e cause destruição à jusante do lago, na parte baixa do conjunto, incluindo a área verde e as casas do conjunto”, explicou uma ambientalista que acompanha o caso de perto e que preferiu não se identificar.
Entre as reivindicações dos moradores está a reconstrução do muro danificado por parte do empresário e a interrupção do descarte de material de terraplenagem na área verde do conjunto. Também solicitam à Seminf a construção de um “rip-rap” nas duas saídas de água, bem como a reconstrução da drenagem no final da avenida principal - da área verde para fora do Acariquara por meio de uma tubulação que dê continuidade à drenagem da água pluvial para o igarapé que corta o Ouro Verde.
Procurada, a prefeitura reforçou que a Semmas embargou a obra em 2018, quando a incorporadora responsável pelo empreendimento situado em terreno contíguo ao do conjunto foi multada. Sem entrar em detalhes sobre prazos, prefeitura informou também que a Seminf estuda um mecanismo para implantar uma nova rede de drenagem no local.