Decisões da Prefeitura de Manaus e do Governo do Amazonas levam em consideração a chegada em Manaus da nova variante Ômicron, da Covid-19, além do registro de dupla infecção por Covid-19 e Influenza na rede de saúde
(Foto: Martin Meissner/AP)
A festa mais aguardada pelos foliões amazonenses terá que ser mais uma vez deixada de lado. Com a chegada da variante de Covid-19 Ômicron no Amazonas e o quadro do vírus gripal no período sazonal, tornam inviável a realização de grandes eventos como os tradicionais blocos de rua do Carnaval.
Na tarde de sexta-feira (7), tanto a prefeitura de Manaus, quanto o Governo do Estado do Amazonas emitiram notas informando a suspensão de festas e blocos de rua de Carnaval. A decisão leva em consideração a chegada em Manaus da nova variante Ômicron, da Covid-19, além do registro de dupla infecção por Covid-19 e Influenza na rede de saúde.
“Nossas decisões estão sempre pautadas nos nossos indicadores, e eles mostram que devemos recuar em algumas medidas, para que a gente consiga enfrentar essa tendência de crescimento. Continuaremos atentos e cumprindo nosso plano de contingência", afirmou o governador Wilson Lima.
De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), o Estado identificou um aumento no número de casos de Covid-19. A média diária passou de 100 novos casos para 275 nas últimas 48 horas.
Blocos pagos suspensos
A suspensão compreende também qualquer autorização sanitária para suas realizações no ano de 2022. Isso impede a realização de eventos de qualquer natureza com venda de ingressos em todos os municípios do estado do Amazonas, independentemente da quantidade de público.
De acordo com o secretário da Manauscult, Alonso Oliveira, a realização de blocos pagos foge da jurisdição do município e passa a ser avaliado como eventos de grande porte e submetido a apreciação ao Comitê de Grandes Eventos do Estado.
"O Carnaval em ambiente fechado já faz parte de um pressuposto da iniciativa privada. Para isso, estará sendo submetido a uma apreciação total do decreto estadual. Se for em um ambiente fechado que seja de competência a exemplo do município, hoje isso estaria sendo submetido ao Comitê de Grandes Eventos. Não estamos liberando em nenhum momento atividades de grandes eventos. A questão da evolução do quadro da síndrome gripal e a extensão que vem sendo dado a Covid-19 não permitem que seja realizado", destaca o secretário.
Entretanto, o decreto estadual flexibilizou apenas a realização de eventos sociais de caráter privado, sem a venda de ingressos, como casamentos, aniversários, formaturas, podem ocorrer, mas limitados a 50% da capacidade do local e ao máximo de 200 pessoas. Os locais também devem seguir os protocolos de distanciamento, uso de máscara, álcool em gel e regularidade da situação vacinal.
Variante Ômicron
O primeiro caso de infecção pela variante Ômicron no Amazonas foi registrado na última terça-feira (4). Trata-se de uma mulher de 27 anos que voltou de viagem de Fortaleza para Manaus.
Ainda que seja um caso importado, a infectologista Ana Galdina não descarta a possibilidade de já existir um caso de transmissão comunitária na capital.
"Neste primeiro momento, não podemos afirmar que a gente tem transmissão comunitária. O cenário não é esse. Entretanto, essa variante é muito transmissível. De todas [as variantes], a curva de transmissibilidade dela está lá em cima. Já estamos alertas para aguardar o caso comunitário ser identificado. Uma vez identificado, teremos o vírus circulando na comunidade e aí sim teremos uma explosão devido o alto teor de transmissibilidade desta variante", descreveu Galdina.
A infectologista acrescenta ainda que em eventos como as festas de Carnaval não é possível restringir a aproximação e o contato físico, ou monitorar e controlar a obrigatoriedade do uso de álcool, máscaras e protocolos de segurança. E por conta disso, permitir a realização de eventos deste porte seria imprudente.
"Festas como o Carnaval, onde há bastante aglomeração, encontramos um nível de incubação ao máximo. É importante lembrar que essa variante não há registros de casos mais graves, porém a transmissibilidade está bastante acelerada, como observamos em países que bateram recordes de casos diários. Com tudo isso acontecendo seria muito imprudente a realização de festas e blocos de rua de Carnaval, não seria o momento adequado para isso", acrescentou a infectologista.
Apesar de faltar um pouco mais de um mês para o feriado de Carnaval, o decreto de suspensão da realização de blocos de rua tem validade indeterminada. Ainda não há informações se haverá ou não a realização dos desfiles das Escolas de Samba de Carnaval este ano.