Em tempos de Covid-19, mais da metade das famílias consomem vitaminas por conta própria para aumentar a imunidade
(Da esq. para a dir.: Cristinne Breval (nutróloga), Mário Quadros (endocrinologista) e Rebeca Cavalcante (endocrinologista) | Foto: Divulgação)
Em tempo de pandemia da Covid-19, e na busca por uma proteção extra para além da vacina, muitas pessoas têm se voltado para as vitaminas e os suplementos alimentares.
Segundo uma pesquisa feita em 2016 pela Abiad, associação que reúne os fabricantes de vitaminas, nada menos do que 54% dos lares brasileiros consomem algum produto do tipo (em 48% dos casos, vitaminas). O estudo só considera as sete maiores capitais brasileiras, mas a tendência que aponta é real.
Contudo, na grande maioria dos casos, esses comprimidos quando em excesso podem até fazer mal, aumentando o risco de doenças graves. Confira a seguir o que os médicos falam do seu uso e até que ponto elas são benéficas para a saúde.
Vitaminas em dia
De acordo com a nutróloga Cristinne Breval, de forma geral, as vitaminas na dose certa proporcionam mais ânimo, disposição e energia, por isso são tão essenciais para a vida humana.
“Elas desempenham papel fundamental na constituição, elaboração e resposta das células que formam o nosso organismo, principalmente no que diz respeito às enzimas, substâncias que adiantam ou retardam uma reação orgânica”, explicou Breval.
Encontradas nos mais diversos alimentos, como frutas, hortaliças e vegetais, esses nutrientes garantem o bom funcionamento do corpo. Elas são divididas em dois grupos: vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e vitaminas hidrossolúveis (C,B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12).
“As lipossolúveis são absorvidas passivamente e devem ser transportadas com os lipídios, gordura, oriundos da dieta. As hidrossolúveis são solúveis em água e são absorvidas geralmente por difusão simples”, afirmou Breval.
Perigo no excesso
Como bem diz o saber popular, “tudo em excesso faz mal”. E isso também se aplica às vitaminas. Conforme o endocrinologista Mário Quadros, o seu consumo exagerado faz mal para o organismo, podendo interferir em importantes processos do corpo humano, já que agem como cofatores de reações químicas, ou até mesmo diretamente no material genético de certos tecidos.
“O abuso de vitamina A pode causar: pele seca, áspera e descamativa, fissuras nos lábios, dores de cabeça, tonturas, queda de cabelo, câimbras, lesões hepáticas e interrupções de crescimento. O abuso de vitamina D pode causar: hipercalcemia (nível elevado de cálcio no sangue), pressão alta, perda de apetite, náuseas e vômitos. O abuso de vitamina C pode causar: cólicas estomacais, diarréia e, possivelmente, cálculos renais”, comentou Quadros.
Portanto fica a dica do especialista: todas as pessoas podem tomar vitaminas, mas a suplementação deve ser feita com acompanhamento, geralmente prescrita através da análise de exames. A novidade do momento, as vitaminas injetáveis, não fogem à regra.
“As doses de vitaminas injetáveis de ação prolongada são aplicadas de quatro em quatro meses, ou de seis em seis. Vale lembrar que já estão disponíveis a vitamina A e a vitamina D. O bom é que elas, por serem injetáveis, evitam a passagem pelo estômago”, disse Quadros.
Acompanhamento médico
Como já dito anteriormente, qualquer pessoa pode tomar vitamina, mas, segundo a endocrinologista Rebeca Cavalcante, ninguém deve fazer uso de nenhum suplemento vitamínico por conta própria.
“A suplementação está indicada em algumas situações específicas como em mulheres antes e durante a gestação, em pessoas que não conseguem ter uma dieta diversificada ou com má absorção intestinal, como aquelas que fizeram cirurgia bariátrica ou que tomam medicamentos para reduzir a absorção de gordura no intestino”, ressalta Cavalcante.
A boa notícia é que as vitaminas mais importantes para o bom funcionamento do nosso organismo (A, C, D, E, K e as do complexo B), com exceção da D, são todas obtidas principalmente através de uma alimentação equilibrada.