Projeto que vem viabilizando o ensino da língua francesa em três escolas públicas da capital amazonense impacta mais de 900 estudantes com abordagem intercultural francófona (países que falam francês)
Em seis meses de atividades os alunos tiveram bom desempenho (Foto: Márcio Silva/A CRÍTICA)
Um dos cinco idiomas mais falados do mundo tem despertado cada vez mais interesse por parte de estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública do estado do Amazonas. Ainda que não esteja na grade curricular, o Programa Residência Pedagógica (CAPES/MEC) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) vem viabilizando o ensino da língua em três escolas da capital amazonense.
Segundo a coordenadora do programa, professora Stéphanie Girão, é a primeira vez que o curso de licenciatura em Letras-Francês da Faculdade de Letras da Ufam está participando do projeto.
Três escolas públicas participam do programa, sendo duas na zona Leste e uma na zona Centro-Sul
Três escolas públicas participam do programa, sendo duas na zona Leste e uma na zona Centro-Sul ()
Ao todo, três escolas participam do programa. A escola bilíngue francês-português CMCB José Carlos Mestrinho, no bairro Betânia, zona Centro-Sul de Manaus é uma delas. A unidade de ensino possui não apenas a oferta da língua francesa, mas também matemática e ciências em francês e atende em média 900 alunos.
A segunda escola a participar da Residência Pedagógica é a Escola Estadual Antonio Nunes Jimenez, no bairro Zumbi, zona Leste de Manaus. Nesta unidade, o programa está implementando a língua francesa através de uma turma-piloto do 2º ano do Ensino Médio, atendendo 20 alunos que estão matriculados na escola.
Também na zona Leste de Manaus, a terceira escola é o Ceti Elisa Bessa Freire, no bairro Jorge Teixeira. Nesta, a residência também implementou um projeto-piloto com uma turma de 7º ano do Ensino Fundamental, com 39 alunos.
Ceti Elisa Bessa Freire é uma das escolas que tem uma turma-piloto (Foto: Márcio Silva/A CRÍTICA)
Ceti Elisa Bessa Freire é uma das escolas que tem uma turma-piloto (Foto: Márcio Silva/A CRÍTICA)
A participação da comunidade escolar (estudantes, pais e responsáveis, professores, gestores e demais profissionais) no programa tem sido tão grande que o Ceti Elisa Bessa Freire está pleiteando se tornar uma escola bilíngue português-francês.
Para a coordenadora do programa, além da implementação do programa, um dos motivos que aumentou o interesse em tornar a escola bilíngue foi a visita da Embaixada da França em junho deste ano.
“Na ocasião, estiveram presentes, além da Adida de Cooperação Educativa da Embaixada, a Sra. Hélène Ducret e dos membros participantes da Residência Pedagógica, vários outros gestores, gestoras e professores de escolas públicas interessados em levar a língua francesa para suas escolas”, descreveu Girão.
Metodologia diferenciada
A professora Glória Alegria Coelho de Sá, preceptora do programa no Ceti, ressalta que em seis meses de atividade os alunos já demonstraram bom desempenho em aprender um novo idioma.
“A gente agrega informação e conhecimento nas atividades com a ajuda das residentes do programa que vem lecionar aqui na escola. A troca entre nós é muito interessante porque só fortalece a forma de ensinar. Os alunos aprendem de forma mais rápida, com atividades diferentes, assistindo vídeos, ouvindo músicas, praticando formas de saudações. Até fora da sala de aula eles passam pelos corredores e praticam o idioma, se cumprimentam com ‘bonjour’. Eles já conseguem reconhecer as semelhanças do francês com o português. Tem sido muito proveitoso”, destacou Glória de Sá, que também leciona Língua Portuguesa no Ceti Elisa Bessa Freire.
Blog: Camila Silva, professora residente
A professora residente Camila Silva pontuou a importância de ensinar um novo idioma em uma escola localizada em uma região periférica de Manaus.
Além de palavras de origem francesa que foram incorporadas no vocabulário português local, a capital também viveu o período da Belle Époque, importante época de expansão da cidade e do próprio Amazonas.
Camila acredita que, assim como ela que nasceu e cresceu em região periférica de Manaus, futuras gerações possam sair destes bairros e se tornar grandes profissionais com o intermédio do ensino da língua francesa.
“Os alunos se dedicam muito. É uma troca incrível ver eles aprendendo a língua francesa. É nesse sentido que desperta nos alunos essa visão. É nessa perspectiva que a gente trabalha. É muito emocionante estar fazendo parte. Somos as primeiras, mas a minha expectativa é que venham mais pessoas para participar desse projeto. Nosso objetivo é transformar vidas. É nesse sentido que estamos caminhando”, conclui a professora.
Questionada sobre como está o processo para tornar o Ceti Elisa Bessa Freire na segunda escola bilíngue do Amazonas, a gestora da escola Maria do Carmo Fonseca explica que está sendo realizada uma consulta pública em que mais de mil membros da comunidade escolar já demonstraram ser favoráveis à iniciativa.
“É desejo da escola, em um futuro, quem sabe, se tornar bilíngue. Nossa consulta pública começou no final de agosto e já obtivemos assinaturas de mais 1.070 pessoas. É bem aceitável dentro da comunidade o ensino da língua francesa. Não é só uma aceitação dos pais. É visível o grande interesse em aprender francês por parte dos alunos”, declarou a gestora do Ceti Elisa Bessa Freire.