Coruja, iguana e porquinho da índia são alguns dos animais 'diferentes' criados por famílias amazonenses
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Nem só de gato ou cachorro vivem os apaixonados por animais de estimação. Apesar de mais populares, felinos e caninos não são os únicos a conquistar um lugar nos lares brasileiros. Em Manaus, a busca por bichinhos “diferentes” têm aumentado. A família de Alailson Santos, 23, foi ainda mais ousada. Há três anos, eles compraram uma coruja macho coruja-das-torres mais conhecida como “Rasga Mortalha”.
“O nome científico da espécie é Tyto Alba; Suindara é o nome indígena. Mas os mais religiosos a conhecem como ‘Rasga Mortalha’, aquela que, segundo a lenda, alguém morre quando grita”, diz, ao revelar o que motivou a chegada do pet. “Meu padrasto tem um lado espiritualista e a coruja sempre foi uma admiração dele”, completa. Outros nomes populares são coruja-da-igreja, coruja-branca e coruja-católica.
A ave, nascida em criadouro autorizado, recebeu foi batizada de Goya e tem um espaço próprio, mas também tem liberdade para “passear” por dentro dos cômodos da casa. Além dela, a família do publicitário tem pets “convencionais”, como cães, gatos, peixes e papagaios. Entretanto, a coruja é o xodó da casa e até serviu de inspiração para uma pintura que será exposta no Instituto Cultural Brasil Estados Unidos (Icbeu).
“Compramos de um criador de outro Estado. É um pouco difícil conseguir uma, porque ele só vende para quem confia e tem certeza de que vai cuidar bem. É apegada a todos da casa. Só não me curte quando minha barba está grande. Eu acho que ela não me reconhece”, declara aos risos, ao ressaltar a beleza do quadro feito pelo padrasto. “Gosto do quanto essa obra é fiel à imagem do Goya”, completa.
Vida longa
De acordo com Santos, um dos principais desafios em ter uma coruja de estimação é alimentá-la. A dieta do animal que vive na natureza é basicamente de roedores e de uma criada em cativeiro não pode ser diferente. Os pequenos animais devem ser oferecidos vivos, o que requer, afirma o rapaz, um estômago de ferro para quem não está acostumado a lidar com essa parte da vida selvagem.
“Ela deve se alimentar de ratos, mas é complicado ter um em todas as refeições, então, damos músculo de boi por ser uma carne dura e sem gorduras. Elas não podem comer gordura”, afirma. “Infelizmente, é a natureza dela e dos ratos também. É um trabalho psicológico. Alguém mata o boi ou o frango que nós comemos. A alimentação e a limpeza da área são gastos administráveis, mas requer disciplina”, enfatiza.
Segundo Alailson Santos, algumas pessoas criticam o fato de uma coruja ser criada como animal de estimação. Outros, apóiam a dedicação da família à ave. “Tem quem ache engraçado, ou curioso, quem acredite que somos monstros e os que achem esquisito. E tem quem entra na nossa ‘viagem’ e curte. Cuidada em cativeiro, ela pode viver uns 30 anos. Na natureza costuma ser menos, metade do tempo”, afirma.
Augusto: o 'rei da casa'
Na casa de Lucas Girão, 19, o território é domínio total de Augusto, a iguana macho de oito anos de idade — a média de vida da espécie é de sete a 12 anos. Há um ano, ele ganhou o réptil de um amigo, que não poderia mais criá-lo. O bichinho de aproximadamente 1m30 de comprimento tem acesso ao quintal, onde toma banho de sol diariamente e aproveita o gramado. A alimentação é com base em frutas e a higiene é feita semanalmente.
“Eu sempre achei um animal bonito. Minha mãe e minha irmã o adoram. Não troco por outro bicho. É Augustinho para os íntimos”, brinca o universitário. “Ele não dá trabalho, não é agressivo, não faz barulho e faz necessidades uma vez por dia no quintal. Por ele já ter certa idade, não é mais tão rápido. Ele come couve, porque precisa muito de cálcio e frutas. Adora melão e banana”, completa.
Fofinhos e populares
O porquinho da índia Sheldon foi o primeiro pet de Leonardo Mendes e mudou a forma de ele, os pais e a irmã verem animais de estimação. Graças ao roedor, dois cachorros também foram incluídos na família. “Não tínhamos o costume de ter animais. Um dia, passei em frente ao pet shop, vi e me interessei. O Sheldon serviu como uma porta para nos mostrar a necessidade de ter um animal em casa. Hoje, nossa casa é muito mais feliz com os três”, afirma.
BLOG Manuel Del Carmen Perez Neto, veterinário há 40 anos
Se a pessoa não tem experiência para o manejo de animais exóticos, o primeiro passo é procurar um profissional habilitado que possa orientar sobre alimentação, higiene, cuidados dermatológicos, entre outros. Eu tenho especialização em animais silvestres e exóticos. Atendo muitos roedores, principalmente, porquinhos da índia. Eles não precisam de vacina, mas têm muito problema de sarna e é preciso tomar cuidado com a proliferação de fungos, por causa do calor e da umidade. É preciso olhar a validade da embalagem da ração, fazer suplementação e limpar diariamente comedouros e bebedouros. Todo animal, requer cuidados e o tempo de vida varia muito.
DESTAQUE
A lista de pets exóticos em alta inclui, ainda, ouriço, mini pig, ferret (furão), sagui (macaco), roedores (hamster, coelhos e preás), aves como cacatua e répteis, a exemplo das cobras e lagartos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), existam aproximadamente 2,21 milhões de répteis e pequenos mamíferos criados como animais de estimação no Brasil.