Labsonora

Residência sonora na Floresta Amazônica resulta em coletânea com músicas de artistas amazônidas

Os artistas estiveram imersos em reservas ambientais e em comunidade do Rio Negro, no Amazonas. A coletânea está disponível no canal do youtube das redes do Labverde e Se Rasgum

Gabrielly Gentil
online@acritica.com
09/03/2023 às 11:05.
Atualizado em 09/03/2023 às 11:05

Os artistas Reiner e Cida Aripória (Fotos: Grazi Praia)

Doze artistas de várias partes da Amazônia Legal estiveram imersos em reservas ambientais e em comunidades do Rio Negro, no Amazonas, através do Labsonora, um programa de residência colaborativo para a composição musical e produção sonora a partir da escuta sensível dos ambientes e da pesquisa no campo da cultura oral, música ancestral, bioacústica e field recording. Essa rica experiência resultou em uma coletânea, que traz a composição sonora da Amazônia Contemporânea.

Dos doze artistas participantes, cinco deles representam o Amazonas: a indígena Cida Aripória, pioneira a cantar rap no Amazonas; o cantor e compositor que canta na linguagem da sua etnia Tikuna, Netinho Eware, de Tabatinga (AM); o multi-artista, Marlon Wirawasu, de São Gabriel da Cachoeira (AM); e o artista visual, Alziney Curumiz, de Parintins (AM), que assina a capa da coletânea. 

Sobre a residência

A primeira edição da residência artística foi promovida pelo Labverde, em parceria com o Festival Se Rasgum. A diretora e curadora da plataforma, Lilian Fraiji, destaca que durante a residência, um grupo de músicos, curadores, ecólogos, antropólogos, ativistas participam de uma vivência e são estimulados a comporem juntos ajudando a construir uma nova paisagem sonora para a Amazônia. 

“A residência inclui uma série de discussões, workshops, palestras e apresentações artísticas, além de visitas à Reservas Ambientais mediadas por especialistas do Inpa e celebrações culturais em comunidades no Baixo Rio Negro. Após a vivência, os artistas tiveram três meses para produzir um conteúdo inédito, que espelhasse o que vivenciaram em campo no Amazonas, dando origem a uma coletiva sonora inédita, riquíssima em ritmos, sons e reflexões sobre a Amazônia”, diz ela. 

Processo seletivo

A seleção ocorreu por meio de edital. “Lançamos um edital para artistes de toda a Amazônia Legal. Recebemos 110 inscritos para participar da residência e fizemos um processo seletivo rigoroso”, esclarece Lilian. 

“Para essa primeira edição entendemos a necessidade de envolver atores e artistas culturais aqui da Região Norte do país. Foi muito importante trazer pessoas com um repertório e uma identidade cultural comum para criar laços e construirmos afinidade entre o grupo. Falar de Amazônia, através de pessoas que vivem essa realidade, fez com que fortalecêssemos o movimento cultural da região, além de ampliarmos nossa percepção sobre nosso território continental”, completa.

Coletânea

A capa da coletânea é assinada pelo parintinense Alziney Curumiz, e traz elementos como uma criança indígena, pássaros, peixes, uma pessoa negra, e ondas sonoras entre verdes e azuis em contaste com o escuro, representando encontros de águas. 

“O Conceito foi baseado no que já estou trabalhando desde 2017, dentro do duo que participo, os ‘Curumiz’, onde buscamos falar da Amazônia de uma forma onírica, sempre trazendo elementos naturais como a fauna, flora e o próprio ser humano. Como o Labsonora foi uma imersão dentro da Floresta Amazônica, eu quis construir um pouco do que faz de nós realmente um ser amazônico, aquilo que nos dá a vida, aquilo que da gente se transforma e sai como a Amazônia viva e livre como muita gente quer”, destaca Curumiz. 

Parceria

Lilian Fraiji e Renée Chalu fazem parte do grupo de curadoria da Sim São Paulo, são as únicas curadoras do Norte e por isso criaram vínculos nessa rede profissional. “Sempre foi do nosso interesse estreitar relações entre os estados do Amazonas e Pará, porque temos uma identidade e também desafios importantes no mercado cultural em comum. Com intuito de aproximar relações entre atores culturais da Região Norte criamos o projeto Se Rasgum Labverde, que além da residência inclui apresentações em Belém e Rio de Janeiro”, destaca Lilian.

Coletânea  
Confira as obras sonoras presentes na coletânea Labsonora: 

1 –  No amanhecer do mundo – Layse

2 –  Palavras – Reiner

3 -   Onde o choro vira vida – Tani e Reiner

4 –  Mycena – Marlon Wirawasu

5 –  Tchorü princesa – Netinho Eware

6 –  Utüe - Netinho Eware

7 –  Manaus e as minas  - Cida Aripória

8 –  Gritos e mitos – Bruna BG e Reiner

9 –  Fundura – Panamby.

A coletânea está disponível através do canal do youtube das redes do Labverde e Se Rasgum.

Saiba mais
 >> Sobre o Labsonora

O Labsonora é fruto de uma parceria entre o Labverde e a Se Rasgum Produções (PA) e compõe um amplo conjunto de ações envolvendo uma residência na Floresta, processos de troca on-line e a realização de apresentações em Belém, Rio de Janeiro e Manaus.

Reconhecimento
O projeto Labsonora ganhou dois editais nacionais, o Natura Musical, e o Oi Futuro.

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