Comandante do CBAM quer dobrar número de agentes no combate a queimadas; secretário de Lábrea diz que atual contingente é insuficiente
Agentes da Força Nacional foram enviados a quatro municípios do Amazonas, mas há avaliações sobre número ser insuficiente. Corpo de Bombeiros solicitou maior efetivo para a nova fase da operação (Divulgação/SSP-AM)
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Orleilso Ximenes Muniz, quer dobrar o número de agentes da Força Nacional (FN) enviados ao Amazonas pelo Ministério da Justiça para combater queimadas no sul do estado. Neste mês, teve início a ‘temporada do fogo’, período que vai de julho a novembro e historicamente concentra os maiores níveis de incêndios florestais.
Os agentes da Força Nacional que chegaram ao Amazonas neste mês foram enviados para Lábrea, Boca do Acre, Humaitá e Apuí. Juntos, os municípios representam uma área de 177,5 mil km², território maior que países como Uruguai (176 mil km²) e Grécia (131,9 mil km²).
O secretário de Meio Ambiente de Lábrea, Daniel Hiroshi, pontua que o atual efetivo não é suficiente para o combate às queimadas. O município, no ranking de desmatamento na Amazônia, assumiu a primeira colocação, conforme dados divulgados este ano pelo Map Biomas.
Distantes
“Eles vieram para a localidade errada. Tinham que atuar no Sul de Lábrea, a área limite com Rondônia, em comunidades de Vista Alegre do Abunã e Curuquetê, que lideram esse ranking nacional de queimadas”, pontua o secretário. Segundo ele, os focos de incêndio ficam a cerca de 800 km da sede do município, onde se concentram os agentes da Força Nacional.
Para o secretário de Meio Ambiente de Apuí, Domingos Bonfim, o efetivo atual da Força Nacional tem sido suficiente até o momento. No entanto, diz que a partir do próximo mês, quando os incêndios aumentarem ainda mais, deve ser necessário ter mais combatentes.
Já em Humaitá, o secretário de Meio Ambiente John Euler diz que a atuação da Força Nacional em parceria com Ibama e Corpo de Bombeiros tem sido positiva. “Aqui uma das principais áreas com queimadas é na BR-319, no distrito de Realidade, e eles [os combatentes] estão indo até lá, tá tendo operação”, disse.
Enviamos 74 bombeiros militares nos cinco municípios mais críticos. São eles: Boca do Acre, Lábrea, Humaitá, Apuí e Manicoré. Saliento que o governador Wilson Lima (UB) pediu reforço da Força Nacional de combate a incêndios. Desde o dia 12 até o dia de hoje já atuamos em 42 focos de incêndios nos municípios citados, sendo que a maior incidência fica para Humaitá e Boca do Acre. Em 8 de agosto nós iremos encerrar esse primeiro módulo de combate e na sequência iremos iniciar o outro módulo, com troca de agentes na localidade, para ficarmos até novembro. Estamos utilizando monitoramento via satélite e verificamos in loco se o foco de calor se trata de um incêndio, o que tem nos permitido atuar no início da ocorrência, o que é o nosso principal objetivo, para evitar que ele se alastre e se transforme numa grande tragédia.
À reportagem, o Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que os agentes enviados para o Amazonas estão equipados com cinco kits pick-up (material com capacidade para 500L de água para combate a incêndio florestal); um drone, facões, abafadores, mochilas costais e equipamento de proteção individual.
Questionado sobre se os agentes têm conseguido ir até áreas mais distantes da sede do município, locais em que ocorrem os maiores incêndios, o capitão disse que o trabalho está atrelado ao que é realizado pelo Corpo de Bombeiros.
Somente em julho, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registou mais de 700 focos de incêndio no Amazonas. No mês anterior, junho, havia sido pouco mais de 200 focos.
Para o secretário de Meio Ambiente de Apuí, Domingos Bonfim, o uso do fogo para ‘limpeza’ dos terrenos ainda é um grande problema que afeta a região Sul do Amazonas, seja para roças ou pastagens.
Para ele, é necessário reforçar o combate aos ilícitos ambientais, mas também focar em ações que possam desenvolver novas atividades sustentáveis na região e de cadeias produtivas.
“Nós, municípios do Sul do Amazonas, estamos nos articulando para buscar recursos do Fundo Amazônia para alcançarmos esse objetivo”, pontua.