Hoje (19), o Ibama recebeu críticas pela forma como vem conduzindo o caso. O instituto também se pronunciou de forma oficial
Agenor e Filó ganharam fama após publicações no TikTok e no Instagram (Reprodução)
Políticos e defensores da causa animal utilizaram as redes sociais hoje (19) para manifestar apoio e solidariedade ao digital influencer Agenor Tupinambá, 23 anos, autuado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na tarde de ontem (18) por exploração indevida de animais silvestres para a geração de conteúdo em redes sociais com multas que, somadas, chegam a mais de R$ 17 mil. Ele ganhou notoriedade nas redes sociais após compartilhar o dia a dia ao lado da capivara Filó no sítio onde mora, no município de Autazes (a 113 quilômetros de Manaus).
Acompanhando o caso de Agenor desde ontem (18), a deputada estadual e presidente da Comissão de Proteção aos Animais, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CPAMA), Joana Darc (União Brasil), afirmou que está prestando assessoria jurídica, pretende se reunir com o superintendente do Ibama no Amazonas e também solicitará uma reunião com a ministra do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, para tratar sobre o assunto.
O vereador Rodrigo Guedes (Podemos) compartilhou hoje (19) nas redes sociais uma troca de mensagens enviada à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, onde pede que ela analise o caso de Agenor e ressalta que o jovem mora em uma fazenda no interior do Amazonas, e o convívio com a capivara Filó não tem exploração para nenhum fim, nenhum mau trato e mora no habitat natural. Em resposta ao vereador, a assessoria ministerial solicitou que ele mande um e-mail para o gabinete da ministra sobre o assunto.
Agenor também ganhou o apoio do biólogo Richard Rasmussen, conhecido internacionalmente pelos programas de aventura e vida na natureza, em vídeo publicado lamentou o que está ocorrendo com o jovem.
“Enquanto feiras de vendas de animais irregulares continuam funcionando todos os dias, a gente tem que destruir não somente a vida de uma pessoa por meio de uma multa, mas também a de um animal que vive com ele. E vão jogá-lo dentro de uma grade pequena com pessoas que não têm condições econômicas nem de manter o que o bicho come (...) É isso que a gente passa e vive. Quem tem caneta faz o que quiser, mesmo que seja o errado. Onde está esse protocolo desse meio ambiente?”, indagou.
O deputado federal Felipe Becari (União-SP) também se manifestou contra a atitude do Ibama durante discurso na Câmara dos Deputados em Brasília (DF). “Aqui eu venho manifestar o repúdio a uma atuação do Ibama e que diz respeito, se não arbitrária, imoral, injusta e injustificada em face do menino chamado Agenor, lá do Amazonas, que foi autuado em mais de R$ 17 mil com relação aos maus-tratos e acusado até de morte de animais, após ter salvo uma capivara da barriga da mãe morta após ser caçada. E cuida dela no habitat natural, ele mora na natureza. Ele cuida da capivara como uma filha e contagiou o Brasil inteiro com bons exemplos”, declarou.
Deputado Federal Felipe Becari (União-SP) (Foto: Reprodução/Internet)
Ainda na fala, o deputado questionou a atuação do Ibama em fiscalizar pousadas e hotéis que utilizam animais silvestres para atrair hóspedes e alavancar as vendas das hospedagens. “Uma coisa sou eu que moro em São Paulo, pegar uma Capivara na Marginal Pinheiro e levar para casa (...) Será que o Ibama vai mandar autuar na faculdade os filhos desses empresários, nos escritórios, e mandar apagar as imagens? Porque eles usam as imagens dos animais silvestres, inclusive para angariar turistas que vêm de fora”, disse. “Agenor você não está sozinho. Estamos lutando para reverter essa situação. A Filó não sai da sua custódia. Você não fomenta a adoção de capivaras, você fomenta bons costumes e não é um criminoso. A causa animal está com você”, encerrou.
Nota
Por meio de nota, o Ibama informou que Agenor Tupinambá, 23 anos, foi autuado com base no Decreto nº 6.514/2008, que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) por práticas relacionadas à exploração indevida de animais silvestres para a geração de conteúdo em redes sociais, com aplicação de multa que chega a R$ 17.030,00 mil.
Conforme a nota, o órgão tomou conhecimento de Agenor, após a morte de um bicho-preguiça que o rapaz, morador da cidade de Autazes, criava na própria propriedade. No local os agentes encontraram um papagaio e uma capivara. Agenor não tinha autorização legal para manter os animais em sua posse.
O Ibama ressaltou que ao fornecer comida e abrigo pode prejudicar os animais, pois reduz a capacidade de sobrevivência na natureza e ao trazê-los para casa podem transmitir doenças graves para os humanos. “Ao encontrar algum animal silvestre ferido, deve-se acionar o órgão público competente. A legislação brasileira não admite a hipótese de regularizar junto aos órgãos ambientais um animal adquirido ou mantido sem autorização. Quem possui animal silvestre em situação irregular pode realizar entrega voluntária ao órgão ambiental competente para evitar penalidades previstas na legislação”, finaliza.