Há mais de 15 dias uma balsa com grandes máquinas de extração de minérios passeia pela região e atualmente está estacionada na comunidade Beabá, no município de Tapauá
Equipamentos usados na dragagem de minerais assustaram moradores da região de Tapauá, pois são comumente usados por garimpeiros ilegais (Foto: Divulgação)
A presença de uma balsa de dragagem de minérios pela região do Rio Purus, no município de Tapauá, distante 449 quilômetros de Manaus, vem alertando a população para a atuação de garimpeiros.
De acordo com moradores, há mais de 15 dias, uma balsa com grandes máquinas de extração de minérios passeia pela região e atualmente está estacionada na comunidade Beabá, no município. A presença da dragagem assusta os moradores, que temem a atuação de garimpo ilegal pela região.
Segundo ele, é possível ver a robustez das máquinas que geralmente são utilizadas para a extração ilegal de minério.
Outros moradores também temem a presença de garimpeiros, principalmente porque a atividade ilegal pode contaminar os peixes, a principal fonte de renda de centenas de famílias tapauenses.
Lyca Siqueira, de 24 anos, também é pescadora e conta que, junto com outros moradores, protesta contra o garimpo ilegal na região do Rio Purus. Os moradores já até fizeram o movimento "Juntos Por Tapauá: Não queremos garimpo aqui', com o intuito de chamar a atenção das autoridades para a atuação da atividade ilegal na região. "Tapauá é o município da pesca e 99% das famílias sobrevivem do peixe. A nossa cidade é muito farta de peixe e se um garimpo ilegal chegar aqui, vai acabar com a nossa cultura de peixe", reforçou a moradora.
Ao A CRÍTICA, o secretário do Meio Ambiente e Turismo (Semmatur) de Tapauá, Jaciel Santos, afirmou que a atuação da balsa é característica de garimpo ilegal. Segundo ele, o órgão tomou conhecimento da existência da balsa com dragagem no dia 28 de abril e, naquele primeiro momento, uma primeira abordagem foi feita.
"Eles apresentaram uma licença do Ipaam e um alvará de funcionamento da Agência Nacional de Mineração, mas nós identificamos que em momento algum o município foi consultado previamente sobre a atividade", explicou ele. Segundo o secretário, a balsa estava na comunidade de Baturité, em Tapauá, quando foi solicitado que a estrutura deixasse o local.
"No dia 10, nós até pedimos de forma voluntária, até porque não temos bases legais para isso, para que eles se retirassem para evitar qualquer conflito, e eles concordaram em descer, mas acredito que eles estejam se articulando para subir de novo. Nós já acionamos todos os órgãos como Sema, Ipaam, Ibama e inclusive a Polícia Federal. Eles já têm ciência há mais de 10 dias desse caso, e hoje essa balsa se encontra em uma comunidade chamada Beabá, que fica a 10 minutos da cidade de Tapauá".
Ele explica que o órgão não tem poder legal para solicitar a retirada da balsa, por isso faz um apelo para que os órgãos estaduais e federais façam a retirada da estrutura das águas do Rio Purus.
"O maior apelo agora é buscar junto ao Ipaam a explicação dessa licença. Como eles permitiram atropelarem um trâmite, já que o município não foi informado sobre a atividade? Eles simplesmente chegaram aqui com uma licença de pesquisa, mas o que a gente encontra é um equipamento pesado, de dragas, é uma estrutura para se fazer mineração propriamente dita. Então é interessante questionar esses órgãos, do porquê eles deram esse aval e isso tem dificultado muito o meu trabalho enquanto município".
A reportagem de A CRÍTICA fez questionamentos a órgãos como o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sobre a presença das balsas e se há fiscalização na atividade, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e a Agência Nacional de Mineração (ANM) também foram questionadas sobre o assunto, mas não responderam até o fechamento desta reportagem. Caso os órgãos se posicionem de forma oficial, o conteúdo será adicionado neste material.