O crime ocorreu em Manaus, em 2022, e o corpo da criança foi descoberto em Autazes, para onde foi levado, em uma mochila, na tentativa de ocultação do crime
John Lenon Menezes Maia, preso no dia 31 de maio. No detalhe, a pequena Lorena Ferreira Rodrigues, morta a pauladas quando tinha 2 anos de idade (Foto: Jeiza Russo/A CRÍTICA)
O juiz de direito titular da 2.ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus, Fábio Lopes Alfaia, decidiu nesta quarta-feira (09/10), na Ação Penal n.º 0664203-62.2022.8.04.0001, que os réus John Lenon Menezes e Ana Beatriz Babosa irão a júri popular acusados da morte de Lorena Ferreira Rodrigues, quando tinha 2 anos de idade. A criança era sobrinha de Beatriz e estava aos cuidados dela porque a mãe estava fora de Manaus.
O crime ocorreu no dia 22 de março de 2022, por volta das 18h, na rua Cristo Rei, bairro Compensa III, zona Oeste de Manaus. Segunda a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM), os dois acusados agrediram a criança com diversos socos, tapas e golpes de cabo de um esfregão, causando-lhe a morte.
Para tentar ocultar o crime, o corpo da criança foi colocado em uma mochila e levado por Beatriz para Autazes, no interior do Amazonas, onde foi enterrado em cova rasa, no quintal do pai da acusada, avô da vítima.
A denúncia do MPE/AM foi oferecida no dia 16 de junho de 2023 e aceita pelo juízo da 2.ª Vara do Tribunal do Júri em 26 de julho do mesmo ano. Após a fase de instrução processual, com a audiência de instrução e julgamento, as partes (Defesa e Acusação) apresentaram os memoriais e o magistrado pôde decidir, optando pela Pronúncia (decisão que leva os réus a júri popular) dos acusados.
John Lenon e Ana Beatriz, que estão presos, serão julgados por homicídio qualificado (praticado por motivo fútil, com uso de recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima e feminicídio). Na mesma decisão, o magistrado manteve a prisão preventiva dos réus.
Da decisão de Pronúncia cabe recurso e somente após o trânsito em julgado (quando se esgotam todas as possibilidades de recurso) é que o processo poderá ser pautado para julgamento em plenário.
Denúncia
De acordo com a denúncia, a mãe da criança mudou-se de Manaus e deixou a filha aos cuidados da irmã, Ana Beatriz, e do companheiro, John Lenon. Ainda conforme a denúncia, na noite do crime, Ana Beatriz e o companheiro estavam no quarto da residência e começaram a ficar irritados, porque a vítima não parava de chorar, ocasião em que começou a série de agressões contra a criança.
O espancamento da menina somente teria cessado quando os agressores perceberam que ela estava prestes a desmaiar. Os autos relatam que, passadas algumas horas e como a vítima continuava muito desanimada, fraca e sem apetite, a denunciada Ana Beatriz resolveu colocá-la para dormir e foi dormir em seguida, enquanto John Lenon saiu para o trabalho.
Na manhã do dia seguinte, ao acordar, Ana Beatriz constatou que a vítima estava morta, ocasião em que ligou para John Lenon para que ele fosse lhe ajudar a ocultar o corpo da vítima.
John Lenon chegou ao local em uma motocicleta e com uma mochila, na qual o corpo da vítima foi colocado. Em seguida, na motocicleta, Lenon conduziu Beatriz e a mochila em que estava o corpo da criança até ao porto do Ceasa, onde a acusada prosseguiu viagem, com o corpo da menina na bagagem, até o município de Autazes/AM. No município, Beatriz enterrou a mochila com o corpo da criança em uma cova rasa, próximo à residência do pai dela. Um cachorro de estimação da casa acabou descobrindo a cova da criança e, ao tomar conhecimento da situação, o próprio pai de Ana Beatriz acionou a polícia.