Conheça o dia a dia do trabalho dos profissionais que atuam no transporte fluvial de passageiros, vindos de vários lugares do Brasil e do mundo
Arlen Silva, 26, transporta centenas de pessoas diariamente (Foto: Márcio Silva)
A Marina do Davi, localizada na zona Oeste de Manaus, é o ponto de partida para diversos destinos turísticos no rio Negro. Sejam flutuantes, comunidades ribeirinhas, praias como a 'Praia da Lua', 'Praia do Tupé' e até o Museu do Seringal - importante instalação que possui grande acervo histórico no meio da floresta amazônica.
E, para acessar esses destinos, só é possível graças ao trabalho de profissionais que atuam realizando o transporte fluvial de passageiros vindos de vários lugares do Brasil e do mundo.
Um destes profissionais é o piloto fluvial que é responsável por dirigir as embarcações que levam ribeirinhos, turistas, mercadorias e até outros profissionais que realizam ações de saúde em terras dispersas no meio do rio.
Em entrevista à reportagem de A CRÍTICA, o comandante Arlen Silva, 26, que trabalha como piloto fluvial há quase 10 anos, conta como surgiu o interesse em navegar.
Os pilotos fluviais e demais funcionários da Marina do Davi se organizam em associação, a Cooperativa dos Profissionais de Trasporte Fluvial da Marina do Davi (Coop-ACAMDAF).
Segundo o comandante Evanildo Teles, há saída todos os dias, das 7h às 18h. As embarcações partem de hora em hora ou quando se completam os lugares. Há lanchas que suportam de 30 até 50 passageiros.
Marina do Davi é o point de saída para diversas comunidades e praias (Foto: Márcio Silva)
Questionado como é o movimento dos passageiros na semana, o comandante explicou que não é algo definido, mas que no fim de semana é o melhor período para trabalhar.
“Durante a semana, o melhor dia é segunda-feira. Tem muita gente que vem das comunidades ribeirinhas para fazer compras na capital, ou para trabalhar também. O pior dia é quarta-feira porque fica no meio da semana. Geralmente transportamos até mil passageiros por dia. Agora o fim de semana é o melhor movimento. Já aconteceu de transportamos mais de 3 mil passageiros em um único dia”, descreveu Teles.
Com a chegada do verão amazônico e a subida dos rios, o comandante acredita que o movimento vai se impulsionar
Outro ponto importante é o nível do rio Negro, segundo Arlen, as lanchas neste período de cheia podem transitar de forma tranquila. Entretanto, em alguns pontos não é possível chegar quando o rio está na vazante.
Questionado sobre os jovens que desejam se tornar pilotos fluviais, o comandante aconselha que é preciso estudar e se regularizar, pois é uma profissão que demanda dedicação e competência.
“Não sei dos detalhes específicos de como se tornar um piloto fluvial, pois algumas etapas podem ter mudado. Mas o básico é você fazer um curso na Capitania dos Portos, estar com a embarcação toda regularizada e depois buscar a cooperativa para saber quais os critérios para poder trabalhar transportando passageiros”, aconselhou Arlen Silva.
A equipe de reportagem acompanhou o trajeto do comandante Arlen Silva e seu auxiliar Anderson da Marina do Davi até à Comunidade Agrícola Amazonino Mendes e verificou como é a rotina dos profissionais do transporte fluvial.
Em uma embarcação com a capacidade de 46 passageiros, o trajeto dura aproximadamente 1h30 devido às paradas nos pontos como as praias e comunidades ribeirinhas.
A cada ponto em que desciam os passageiros, o auxiliar observava a distribuição de peso em cada lado da lancha. Segundo Anderson, às vezes é preciso pedir para os passageiros se deslocarem para o outro lado com o intuito de manter o equilíbrio.
“Temos sempre que ficar de olho na inclinação da lancha. Quando a gente percebe que está começando a tender para um lado, a gente vai até o passageiro e pede para trocar de lugar para manter o equilíbrio. Porque se não fica difícil navegar. Até também para dar conforto ao passageiro para ele não ficar torto durante a viagem”, descreveu o auxiliar de navegação.
Além de ser observada a inclinação das embarcações, outro ponto que deve ser analisado são os obstáculos que surgem no rio.
Em certo momento durante o trajeto, o comandante Arlen precisou diminuir a velocidade da lancha para que as hélices do motor não encostassem em galhos de árvores que ficam submersas no rio.