inverno amazônico

Procura por repelente caseiro contra mosquitos e insetos cresce nesse período

Acúmulo de água ao lixo urbano e residencial são as principais causas de proliferação de mosquitos, entre eles o Aedes aegypti

Michael Douglas
online@acritica.com
22/01/2023 às 12:46.
Atualizado em 22/01/2023 às 12:48

(Foto: Jeiza Russo)

Todo ano, o cenário se repete: com a chegada do inverno amazônico, aumenta o número de mosquitos, moscas e pernilongos na região amazônica, havendo também um consequente crescimento de registros de doenças trazido por esses seres, indo desde a alergia a eles até a dengue e outras enfermidades.  

Diante desse cenário, muitas pessoas recorrem a várias alternativas para evitar contato com esses mosquitos, indo desde a compra de produtos industrializados aos tradicionais repelentes caseiros.

Em uma visita ao Mercado Adolpho Lisboa, no Centro de Manaus, constata-se uma coisa: a venda deste tipo de produto, segundo os comerciantes, cresce durante o chamado “inverno amazônico”. 

“Eles [repelentes naturais] saem muito o ano todo, mas principalmente nesse período [de inverno]. Quem compra principalmente é quem vem de fora, os turistas, porque eles não estão tão acostumados com isso. Então se for visitar ficar por aqui, ou até visitar uma aldeia, eles preferem comprar um repelente, porque eles logo veem que funciona”, afirma a comerciante Mara Garcia.

Benefícios da andiroba

Para quem pensa em aderir aos produtos naturais para repelir os insetos, a comerciante alerta, a andiroba é quem apresenta um melhor resultado, mas acaba sendo deixada um tanto de lado por conta do forte cheiro. Além dela, existem outras alternativas, como: vela de andiroba, vela indiana, breu branco e a citronela. 

Vale ressaltar que, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a vela de andiroba reduz de 70% a 100% as picadas de mosquitos transmissores de doenças como dengue e malária. Isso porque ao queimá-la, a vela libera princípios ativos da andiroba que atuam sobre o apetite da fêmea do mosquito.

Vela de andiroba, vela indiana, breu branco e a citronela são bastante procuradas para usar como repelente caseiro (Foto: Jeiza Russo)

 Já a vela indiana acaba por ser um incenso defumador feito a partir de uma corda impregnada com uma solução de Breu Branco e outros ingredientes. Ela é ideal para defumar ambientes, objetos e pessoas. Pode ser reutilizado em diferentes ocasiões, basta simplesmente apaga-lo e guarda-lo para quando precisar. 

Breu Branco é um repelente natural criado a partir da resina se forma no tronco da árvore das famílias Burseraceae. Segundo Mara, para afastar os mosquitos é necessário apenas que a pessoa queime uma das pedras de breu, e deixe a fumaça que se forma espalhar pelo ambiente.  

Por fim, a Citronela é uma planta com várias propriedades, havendo também a característica de repelente. Para fazer isso, a comerciante explica que basta apenas que a pessoa arranque uma folha de citronela, amasse-a e esfregue-a nos braços e nas pernas.

No mercado Adolpho Lisboa, no Centro, quem mais compra por repelentes caseiros são os turistas (Foto: Jeiza Russo)

 Pode-se também ferver algumas folhas e fazer uma espécie de chá para usar na limpeza de pisos. As folhas também podem ser queimadas em incensórios domésticos ou utilizadas em difusores elétricos. 

Para a vendedora, todas as alternativas ajudam para quem quer evitar o contato com esses insetos, mas confessa que a citronela acaba sendo a mais procurada pela população.  

“É a quem mais procuram, acho que por conta do cheiro, para ter em casa. O Breu tem um cheiro suave também, assim como as velas, só a Andiroba em si que tem esse cheiro mais marcante. Todas funcionam, então está ótimo. Mas é bom lembrar, citronela é bom pra repelente, só não inventem de tomar, porque vão morrer”, alerta ironicamente a comerciante. 

Insetos 

De acordo com a Secretária de Estado de Saude (SES-AM), o acúmulo de água agregado ao lixo urbano e residencial são as principais causas de proliferação de mosquitos, entre eles o Aedes aegypti, causador das doenças dengue, zika e chikungunya. O período, também é propício para o aparecimento das pragas urbanas como barata e rato ou animais peçonhentos, como escorpiões, aranha e cobra. 

Os criadouros típicos desses mosquitos são depósitos naturais e artificiais de água estagnada, solo ou em recipientes, com água suja, ou altamente poluída, rica em matéria orgânica em decomposição.  

Dengue 

Com a chegada do inverno amazônico, os órgãos de saúde do Governo do Amazonas alertam para a alta no número de casos de doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti. Para evitar o aumento de ocorrências da doença, neste período, autoridades de saúde reiteram que combater a proliferação do mosquito continua sendo a forma mais eficaz de prevenção da doença, que pode levar à morte. 

Em sua maioria, os casos de dengue, segundo o infectologista Antônio Magela, não são graves ou necessitam de internação médica. No entanto, a doença precisa ser diagnosticada precocemente para evitar a evolução para um caso grave. 

“Lembrando que qualquer reservatório que armazene água é um local propicio para o mosquito, que vai se proliferar. Devemos ficar em alertar para não deixar água parada, fazendo sempre a busca ativa em locais com acúmulos de pneus e tanques. Temos que ser conscientes e fazer a nossa parte”, alerta o biólogo Gleydson Vieira.

De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), entre setembro do ano passado o dia 19 de janeiro, foram notificados 5.294 casos de dengue, havendo quatro mortes em decorrência da doença. 

No final do ano passado, o número de casos disparou, alcançando 746 em setembro, 1.199 em outubro, 1.384 em novembro e 1.316 em dezembro. Neste mês, até hoje, a FVS registrou 649 casos. Nesta última semana, foram registrados 176 casos notificados.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2023Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por