Acúmulo de água ao lixo urbano e residencial são as principais causas de proliferação de mosquitos, entre eles o Aedes aegypti
(Foto: Jeiza Russo)
Todo ano, o cenário se repete: com a chegada do inverno amazônico, aumenta o número de mosquitos, moscas e pernilongos na região amazônica, havendo também um consequente crescimento de registros de doenças trazido por esses seres, indo desde a alergia a eles até a dengue e outras enfermidades.
Diante desse cenário, muitas pessoas recorrem a várias alternativas para evitar contato com esses mosquitos, indo desde a compra de produtos industrializados aos tradicionais repelentes caseiros.
Em uma visita ao Mercado Adolpho Lisboa, no Centro de Manaus, constata-se uma coisa: a venda deste tipo de produto, segundo os comerciantes, cresce durante o chamado “inverno amazônico”.
Para quem pensa em aderir aos produtos naturais para repelir os insetos, a comerciante alerta, a andiroba é quem apresenta um melhor resultado, mas acaba sendo deixada um tanto de lado por conta do forte cheiro. Além dela, existem outras alternativas, como: vela de andiroba, vela indiana, breu branco e a citronela.
Vale ressaltar que, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a vela de andiroba reduz de 70% a 100% as picadas de mosquitos transmissores de doenças como dengue e malária. Isso porque ao queimá-la, a vela libera princípios ativos da andiroba que atuam sobre o apetite da fêmea do mosquito.
Vela de andiroba, vela indiana, breu branco e a citronela são bastante procuradas para usar como repelente caseiro (Foto: Jeiza Russo)
Já a vela indiana acaba por ser um incenso defumador feito a partir de uma corda impregnada com uma solução de Breu Branco e outros ingredientes. Ela é ideal para defumar ambientes, objetos e pessoas. Pode ser reutilizado em diferentes ocasiões, basta simplesmente apaga-lo e guarda-lo para quando precisar.
Breu Branco é um repelente natural criado a partir da resina se forma no tronco da árvore das famílias Burseraceae. Segundo Mara, para afastar os mosquitos é necessário apenas que a pessoa queime uma das pedras de breu, e deixe a fumaça que se forma espalhar pelo ambiente.
Por fim, a Citronela é uma planta com várias propriedades, havendo também a característica de repelente. Para fazer isso, a comerciante explica que basta apenas que a pessoa arranque uma folha de citronela, amasse-a e esfregue-a nos braços e nas pernas.
No mercado Adolpho Lisboa, no Centro, quem mais compra por repelentes caseiros são os turistas (Foto: Jeiza Russo)
Pode-se também ferver algumas folhas e fazer uma espécie de chá para usar na limpeza de pisos. As folhas também podem ser queimadas em incensórios domésticos ou utilizadas em difusores elétricos.
Para a vendedora, todas as alternativas ajudam para quem quer evitar o contato com esses insetos, mas confessa que a citronela acaba sendo a mais procurada pela população.
“É a quem mais procuram, acho que por conta do cheiro, para ter em casa. O Breu tem um cheiro suave também, assim como as velas, só a Andiroba em si que tem esse cheiro mais marcante. Todas funcionam, então está ótimo. Mas é bom lembrar, citronela é bom pra repelente, só não inventem de tomar, porque vão morrer”, alerta ironicamente a comerciante.
De acordo com a Secretária de Estado de Saude (SES-AM), o acúmulo de água agregado ao lixo urbano e residencial são as principais causas de proliferação de mosquitos, entre eles o Aedes aegypti, causador das doenças dengue, zika e chikungunya. O período, também é propício para o aparecimento das pragas urbanas como barata e rato ou animais peçonhentos, como escorpiões, aranha e cobra.
Os criadouros típicos desses mosquitos são depósitos naturais e artificiais de água estagnada, solo ou em recipientes, com água suja, ou altamente poluída, rica em matéria orgânica em decomposição.
Com a chegada do inverno amazônico, os órgãos de saúde do Governo do Amazonas alertam para a alta no número de casos de doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti. Para evitar o aumento de ocorrências da doença, neste período, autoridades de saúde reiteram que combater a proliferação do mosquito continua sendo a forma mais eficaz de prevenção da doença, que pode levar à morte.
Em sua maioria, os casos de dengue, segundo o infectologista Antônio Magela, não são graves ou necessitam de internação médica. No entanto, a doença precisa ser diagnosticada precocemente para evitar a evolução para um caso grave.
De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), entre setembro do ano passado o dia 19 de janeiro, foram notificados 5.294 casos de dengue, havendo quatro mortes em decorrência da doença.
No final do ano passado, o número de casos disparou, alcançando 746 em setembro, 1.199 em outubro, 1.384 em novembro e 1.316 em dezembro. Neste mês, até hoje, a FVS registrou 649 casos. Nesta última semana, foram registrados 176 casos notificados.