Colônia Antônio Aleixo

Projeto ‘Pão e Paraíso' oferece refeições gratuitas a crianças de comunidades periféricas

Projeto, de iniciativa do padre Gaston Gabriel, nasceu a partir de um choque de realidade ao constatar que as crianças não se alimentavam adequadamente

Amariles Gama
online@acritica.com
02/07/2022 às 11:49.
Atualizado em 02/07/2022 às 11:49

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

Há pouco mais de um ano nascia no coração do padre Gaston Gabriel Aquino, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Graças, localizada no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona Leste de Manaus, o projeto “Pão e Paraíso’. 

A iniciativa trata-se de refeitórios paroquiais que oferecem almoço a crianças e idosos em situação de vulnerabilidade social. Atualmente, o projeto possui sete refeitórios espalhados pela comunidade. 

Padre Gastón Gabriel relata que o projeto nasceu a partir de um choque de realidade que ele teve durante a celebração de uma missa em uma ocupação do bairro. Enquanto cantava ‘corinhos’ com as crianças, ele percebeu que elas não cantavam com tanto vigor, e aquilo chamou a sua atenção. 

“Na brincadeira comecei a perguntar às mães que estavam por ali: elas [crianças] não estão comendo feijão? E me caiu a cara de vergonha, porque elas responderam: não, não comemos feijão”, relembra.

Padre Gaston relata que continuou a questionar as mães sobre o que elas comiam. “Me falaram que comiam só arroz e macarrão, só a mistura, sem proteína”, completou.

O ‘start’ para abrir os refeitórios

A partir dessa informação, padre Gastón quis saber um pouco mais sobre a realidade daquelas famílias, e pediu para visitá-las em suas casas. No segundo ano de pandemia, a situação que ele encontrou nos lares o surpreendeu.  

“Não tinha nada nos armários. Desesperado, saí nos mercadinhos ao redor, queria comprar algo para eles comerem. E para a minha surpresa os mercadinhos daqui também estavam desabastecidos por conta da pandemia. A fome estava muito grande! Então, pensei: precisamos abrir refeitórios”, relata.

Menos de uma semana depois desse episódio, o primeiro refeitório foi aberto. No mês seguinte, a paróquia conseguiu abrir mais dois lugares para servir as refeições. 

O projeto ‘Pão e Paraíso’ atende, atualmente, em média, até 100 crianças por dia em cada refeitório, que funcionam de segunda a sábado. As ações são mantidas através de doações e realizadas com a ajuda de voluntários.

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

Voluntária como animadora de crianças

 A jovem Sharlene Reis, de 23 anos, é uma das voluntárias do projeto. Moradora do bairro Colônia Antônio Aleixo desde que nasceu, ela trabalha como animadora de crianças durante as atividades religiosas realizadas antes da distribuição das refeições. Através de brincadeiras lúdicas, as crianças também conhecem a doutrina católica. 

“Eu chego aqui às 11 horas e fico cantando e rezando com eles até a hora do almoço. Eu frequento a Igreja Nossa Senhora de Fátima desde criança, e gosto muito de participar do projeto, estou participando desde o começo. Gosto muito do projeto e de ficar aqui com crianças”, disse Sharlene.

O projeto também conta com cozinheiras voluntárias, que todos os dias chegam aos refeitórios por volta de 7h para preparar e servir o almoço diário às crianças.

  É o caso da voluntária Madalena Rodrigues, de 48 anos. Ela conta que se sente muito feliz em participar do projeto por não deixar as crianças desamparadas, porque muitas delas só contam com aquela refeição diária. 

O marido dela, Frank José Amorim, de 49 anos, também atua no projeto desde o início. Foi ele quem fez as primeiras mesas para os refeitórios, e ajudou também a construir alguns deles, realizando instalações e reparos. 

“No começo quando vi as crianças sentadas no chão comendo me senti triste e tomei uma atitude. O padre tinha umas madeiras e falei: vou fazer umas mesas e de primeira fiz logo duas. Hoje, me sinto muito feliz que as crianças não estão mais sentadas no chão. A mesa não é perfeita, mas hoje eles têm onde colocar os pratinhos dele e se alimentar de boa”, disse Frank.

Sem água encanada

Uma das dificuldades enfrentadas no refeitório  é a falta de água encanada na localidade. Todos os dias os voluntários precisam carregar baldes de água para abastecer o restaurante. Além disso, o local também tem pouca ventilação e conta apenas com três ventiladores.

'A gente faz de coração, com muito amor'

Joenne Faianca, de 38 anos, também é voluntária na cozinha de um dos refeitórios paroquiais. Ela é mãe de quatro crianças que também participam do projeto. “Muitas crianças aqui dependem desse almoço, as famílias são carentes. A gente também depende dessa cozinha, desse almoço e agradecemos muito ao padre Gastón por ter aberto esse projeto aqui na comunidade. A gente faz de coração, com muito amor -não recebemos nada- as refeições para as crianças”, disse.

Segundo o padre Gáston, os refeitórios também levam uma mensagem divina para as crianças. Além disso, a iniciativa nutre a esperança de quebrar com um ciclo de vida comum em comunidades periféricas esquecidas pelo poder público. 

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

 “O refeitório acaba sendo para nós um sinal de que Deus não te abandona, Deus te acolhe, Deus está aqui e você não está sozinho na vida, disse o padre, ao destacar que o projeto, que possui gasto mensal de cerca de R$ 5mil, é mantido 100% com doações. 

Ele conta ainda que tem um sonho de construir uma escola, um campo de futebol e recreação, entre outros projetos naquela localidade.  Por isso, o projeto ‘Pão e Paraíso’ está de portas abertas para quem deseja conhecer e ajudar a iniciativa. 

Como ajudar?

Para doações, o projeto disponibiliza o PIX 04.026.811/0030-57 (CNPJ).  Mais informações podem ser solicitadas através do e-mail paroquianossa.sgcolonia@gmail.com ou pelo número de telefone (92) 98255-0124.

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

(Foto: Phill Limma/Freelancer)

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