PARALIZAÇÃO

Servidores da Funai em Manaus entram em greve na quinta: “nenhuma gota de sangue a mais”

Além da greve, haverá um ato às 9h, no mesmo dia, em frente à sede da Funai, na avenida Maceió, bairro Adrianópolis – Zona Centro-Sul de Manaus

Waldick Junior
online@acritica.com
21/06/2022 às 17:37.
Atualizado em 21/06/2022 às 18:33

(Foto: Divulgação)

Servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Manaus irão parar por 24h na próxima quinta-feira (23) em exigência por melhores condições de trabalho, por justiça para o caso de Bruno Pereira e Dom Phillips e pela demissão do atual presidente do órgão federal, Marcelo Xavier.

Além da greve, haverá um ato às 9h, no mesmo dia, em frente à sede da Funai, na avenida Maceió, bairro Adrianópolis – Zona Centro-Sul de Manaus. Servidores irão levar um carro de som e distribuir um manifesto que traz a frase de ordem “nenhuma gota de sangue a mais”, se referindo aos assassinatos no Vale do Javari.

“Lutamos para que as investigações cheguem até a ampla cadeia de crime organizado instalada no vale do Javari e para que nunca mais tenhamos que passar por situação semelhante, o que requer a imediata proteção dos nossos colegas indigenistas, dos Povos Indígenas e de suas lideranças, organizações e territórios”, diz trecho do manifesto, o qual A CRÍTICA teve acesso.

O ato em Manaus faz parte de uma greve nacional que ocorre na quinta-feira em todas as unidades da Funai nas 26 capitais e no Distrito Federal. A mobilização está sendo capitaneada pela Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef), Indigenistas Associados (Ina) e Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).

No Amazonas, a greve está sendo organizada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Amazonas (Sindsep-AM), entidade de base que tem filiados na Funai. Nesta terça-feira (21), o sindicato se reuniu no auditório do órgão com os servidores para votar a greve. Foram 19 manifestações “sim”, três “não” e duas abstenções.

“Aprovamos com ampla maioria dos votos  a participação da coordenadoria de Manaus na greve nacional. Além disso, elegemos uma comissão de mobilização e um delegado para participar da audiência com o ministro da Justiça que deve ocorrer em Brasília, ainda sem data”, comenta um dos diretores do Sindsep-AM, Menandro Sodré.

Durante a assembleia desta terça-feira, os servidores se mostraram revoltados com o quadro atual de falta de infraestrutura e com a política indigenista do órgão. Uma servidora que preferiu não se identificar disse que colegas “continuam a sofrer ameaças nas coordenadorias regionais” do interior do Amazonas, deixando claro que o caso do servidor Bruno Pereira, que também sofria ameaças, não era exceção.

“Todos os servidores estão com um sentimento de muita tristeza, porque os fatos de agora não são isolados. Já houve morte de servidores também, em Tabatinga, e não teve essa repercussão toda. Então, você vê a falta de respeito, de consideração e de atitude do próprio governo com os servidores. Será que só teve essa repercussão internacional porque morreu um jornalista estrangeiro?”, pontua Menandro.

Além do pedido de justiça pelo caso dos assassinatos do indigenista e do jornalista no Vale do Javari, a greve pede a demissão do atual presidente da Funai, o delegado da polícia federal Marcelo Xavier. Ele é considerado por indígenas e servidores como um “anti-indígena” e “anti-funai”.

“Defendemos a demissão do presidente, que é um anti-indigenista, não tem conhecimento de causa nenhuma. Como é que [o governo] põe ele para presidir um órgão tão importante como a Funai?”, critica o sindicalista.

A reportagem procurou a assessoria de comunicação da Funai para saber como o presidente do órgão se defende das acusações feitas por associações de servidores, porém, até o momento não obtivemos retorno. O espaço continua aberto para manifestações.

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