Dados do TSE apresentam porcentual de 29,26% do total de eleitores que deixaram de votar no segundo turno, o que equivale a aproximadamente 10 milhões de eleitores
(Foto: Agência Brasil)
A abstenção eleitoral nas eleições municipais tornou-se o terceiro candidato. E coloca um problema para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os partidos políticos, parlamentares e candidatos saber o porque do distanciamento progressivo de parcela do eleitorado e como convencê-lo a sair de casa para votar.
Dados do TSE apresentam porcentual de 29,26% do total de eleitores que deixaram de votar no segundo turno, o que equivale a aproximadamente 10 milhões de eleitores. A presidência do TSE anunciou a realização de estudos, de caráter regional, sobre abstenção, embora o desenho da ação não tenha sido apresentado a iniciativa é positiva e poderá se constituir em um elenco de ações que possam produzir esclarecimentos, aprendizados e outro posicionamento do eleitorado brasileiro nas eleições.
Mapear, por região, quais faixas etárias e cruzamentos com gênero, raça e situação econômica mais eleitores mais se abstiveram nas eleições deste ano, é um dos resultados esperados. Com ele, outros segmentos junto ao sistema TSE, instituições e organizações poderão criar um ambiente positivo pela participação do eleitorado, da importância de se fazerem presentes nesses momentos.
Repete-se que o eleitor está cansado e descrente dos processos eleitorais. Repete-se que a política é lugar de pessoas sem compromisso para com a sociedade, dos aproveitadores e de pessoas de reputação negativa. Tais denominações fazem parte de um arranjo grande que promove a despolitização e abre espaço a outras aventuras, algumas delas perigosas, atentatórias à estabilidade política de um país.
Fragilizar o processo eleitoral é investir também na fragilização institucional e dos representantes legitimamente eleitos para o executivo e o legislativo. Esse tipo de conduta precisa ser percebida, compreendida nos seus múltiplos aspectos para, de acordo com o tamanho da determinação, enfrentada como problema que é e superado.
Se os indicadores demonstram que a abstenção eleitoral cresce e, de fato, está sendo colocada como terceiro elemento de importância um dos caminhos é conhecer o que está acontecendo. Aproximar o mais possível os dados de representação do pouco caso para com o ato de votar da realidade.
No sistema que o Brasil está situado, a participação do eleitorado é fundamental na composição da tomada de decisão periódica que irá constituir os corpus dos poderes instituídos no país. Se os eleitores estão se afastando dessa parte na construção da obra é possível perceber riscos de ruptura da ordem democrática.