Dados da Confederação Nacional do Comércio revelam que quase 79% das famílias estão endividadas e não conseguem encontrar equilíbrio financeiro
(Foto: Agência Brasil)
É verdade que a alta no endividamento das famílias brasileiras tem entre suas causas fatores bem conhecidos, como falta de educação financeira e consumo excessivo. No entanto, também é um reflexo da queda na renda média da população que, para manter o padrão de vida, esvazia a poupança e acaba caindo em armadilhas como o parcelamento da fatura do cartão de crédito e o uso do cheque especial. Dados da Confederação Nacional do Comércio revelam que quase 79% das famílias estão endividadas e não conseguem encontrar equilíbrio financeiro. Além disso, mais de 10% das famílias declaram não ter condições de pagar suas contas, e devem engrossar ainda mais o contingente de endividados.
Infelizmente, esse cenário não tem prazo para mudar, uma vez que está relacionado ao próprio empobrecimento da população nos últimos anos. Até o final do ano passado, por exemplo, o número de pessoas consideradas pobres já ultrapassava 62,5 milhões. Ressalte-se o conceito de pobreza utilizado pelo IBGE em suas estatísticas: pobre é aquele que vive com menos de R$ 457 ao mês. A extrema pobreza, por sua vez, está situada abaixo do valor de R$ 154 mensais. Com a informalidade crescente, as pessoas passam a viver com renda variável e até mesmo incerta. Assim fica bastante difícil manter as contas em dia.
Esse quadro tende a melhorar com a retomada do crescimento econômico, que deve trazer aumento de vagas no mercado formal de trabalho, permitindo ampliação da renda e dando margem para que as famílias possam melhorar o planejamento financeiro. Mas esse reaquecimento não tem prazo para acontecer e depende muito de desdobramentos no cenário externo e do direcionamento que o novo governo dará à economia do País.
Por outro lado, o panorama atual do endividamento escancara a falta de educação financeira na maioria das famílias. Trata-se de algo tão fundamental que deveria fazer parte do currículo escolar desde os anos iniciais. As pessoas não são preparadas para lidar com o próprio dinheiro e ficam extremamente vulneráveis a armadilhas econômicas e becos sem saída. É urgente que se aprenda desde cedo as regras básicas da saúde financeira, como não gastar mais do que se tem e controlar todas as despesas.