O índice de endividamento acaba de atingir a marca histórica de 77,9%
(Foto: Agência Brasil)
Nunca houve tantas famílias endividadas no Brasil. O índice de endividamento acaba de atingir a marca histórica de 77,9%. É o que revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Um endividamento acentuado não ajuda a economia, pois o endividado de hoje é o inadimplente de amanhã, alguém que perdeu o controle das próprias finanças e já não consegue honrar seus compromissos e terminam com o nome sujo na praça, sem condições de comprar a crédito. Diversos fatores contribuem para esse cenário: queda na renda ocasionada pela pandemia, fechamento de negócios, retomada do consumo reprimido após a crise sanitária e desemprego são alguns deles.
Com renda em queda, muitas famílias tiveram que recorrer a empréstimos para arcar com custos básicos. A situação é preocupante, principalmente entre as famílias mais pobres, que chegam a comprometer mais da metade do salário apenas para pagar dívidas. O próprio estudo da CNC recomenda providências que o governo federal pode tomar para ajudar a mudar esse panorama. O primeiro deles é o controle e redução da inflação, o que promoveria a valorização dos salários, com preços mais baixos no mercado. Na mesma linha, com a inflação controlada, seria possível promover a redução nos juros, que acabam por aumentar o valor das dívidas, pressionando ainda mais a renda. É claro que essas medidas estão no radar do governo, mas não se trata de coisas que se resolvem com canetadas. A previsão para a inflação deste ano ainda é de alta.
A boa notícia é que, se por um lado cresce o número de endividados, por outro, o desemprego mantém a tendência de queda. Dados do IBGE divulgados ontem mostram que o índice de desocupados voltou a cair, ficando em 8,1% no trimestre móvel terminado em novembro, recuando quase um ponto percentual em relação ao trimestre anterior. Muitos que estavam endividados porque tinham perdido o emprego, têm a oportunidade de pagar as dívidas em face do novo trabalho.
Outro aspecto que precisa ser trabalhado é a educação financeira. Uma parcela significativa dos endividados têm boa renda, mas estão nessa situação simplesmente porque não conseguem controlar os próprios gastos.