A defesa dos princípios democráticos já!

As consequências das condutas de um governante que ignora absolutamente os princípios da democracia estão sendo mostradas ao mundo. Donald Trump, eleito presidente da nação mais poderosa, encerra a passagem pela Presidência dos Estados Unidos da forma mais tosca, constrangedora, corresponsável por ataques e mortes. Pior, alimentando o ódio como maneira de convivência político e social nos EUA e na relação do País com outras nações do mundo.
Há relação direta entre a conduta do presidente Trump e a do presidente do Brasil, com influência do primeiro sobre o segundo que segue a cartilha do dirigente estadunidense e tenta submeter o País às regras dessa visão na condição de coadjuvante. A negação da legitimidade dos votos que derrotaram Donaldo Trump e afirmação de que no Brasil irá ocorrer por aqui cenas piores do que se viu no Capitólio, a sede do Congresso Norte-americano, se o voto impresso não for retomado. As eleições que deram vitórias ao candidato Jair Bolsonaro e aos seus filhos, em vários processos eleitorais, são resultado de um processo que vem sendo legitimado desde a adoção do sistema eletrônico de votação, em 1996.
O presidente Jair Bolsonaro tem ampliado o teor de suas falas e das ameaças ao sistema democrático nacional. Comporta-se mais como um militante de questões restritas do que como chefe de uma nação com mais de 212 milhões de pessoas. O posicionamento do presidente brasileiro não pode ser tratado com adjetivos e empurrado para o ‘deixa p’ra lá’, ‘é um inconsequente’, ‘é maluquice dele’... Os representantes das demais instituições têm o dever de zelar pelo legado democrático do Brasil e pelas conquistas realizadas em longos e traumáticos processos para que esta passasse a vigorar no País. A democracia norte-americana apresentada como um dos seus símbolos máximos, a partir da 1ª Emenda, acaba de ser ferida em profundidade e, ali, as reações dos parlamentares, inclusive os do partido de Trump, de empresários e de dirigentes de instituições foram de tomada de posição firme de condenação e cerceamento de ações do presidente dos EUA.
Que o Brasil, habituado a mirar para os Estados Unidos como referência, tome providências desde já a fim de reafirmar, no conjunto das instituições nacionais, a defesa da democracia.