Operação de guerra

Manaus enfrenta o pior momento da pandemia do novo coronavírus. Uma situação absolutamente desesperadora e inédita nos mais de 350 anos da capital. A média de sepultamentos diários, que girava em torno de 30, agora se aproxima de 200, algo que não foi visto nem no pico da primeira onda da pandemia, entre abril e maio do ano passado. O pesadelo voltou mais mortal do que antes. Algo assim exige medidas enérgicas, mas que só terão efeito com o apoio da população. O toque de recolher decretado pelo governo do Estado precisa ser observado por todos. Não é hora de proselitismo político – o mesmo que esteve por trás das manifestações inflamadas contra o fechamento do comércio não essencial no final do ano passado. O momento é de união em torno de um só objetivo, barrar a proliferação do vírus e salvar vidas.
Felizmente, há solidariedade. É preciso destacar a prontidão com que fábricas da Zona Franca de Manaus como Moto Honda, as fabricantes de condicionadores de ar Gree e LG entre outras, cederam de imediato seus estoques de oxigênio para atender a demanda dos hospitais de Manaus, cujos estoques terminaram ontem. Da mesma forma, diversas personalidades das mais diversas áreas têm apoiado a cidade pagando remessas de oxigênio para suprir a demanda dos hospitais. Mas nada disso vai adiantar se as pessoas insistirem em promover aglomerações sem sentido, por meio de festas clandestinas e eventos de todo tipo, além de ignorar medidas básicas como o uso de máscaras e higienização com álcool em gel.
É doloroso lembrar que, agora, temos vacinas. Várias. A cada dia, torna-se mais absurdo o fato de a vacinação contra covid-19 não ter começado no Brasil quando o mundo inteiro esforça-se pela imunização. E isso se torna ainda mais ridículo quando temos um ministro da Saúde que, em vez de concentrar foco na vacinação, pressiona pelo uso de medicamentos sem qualquer eficácia comprovada contra o vírus.
Neste momento, precisamos desesperadamente frear a velocidade do contágio, que já lotou hospitais e levou ao colapso as redes de saúde e funerária. A situação de Manaus é um alerta para todo o País. É preciso destacar que, da mesma forma que aconteceu na primeira onda, o “caldo entornou” primeiro no Amazonas, e devastou o Brasil todo em seguida.