Para onde penderá a balança?

O caos deixou de ser possibilidade de acontecer para virar realidade em Manaus. Toda a rede de saúde com capacidade estrangulada para receber pacientes. Faltam recursos humanos, equipamentos e medicamentos que deem conta da alta demanda, sobra desespero por parte das famílias de pacientes e dos próprios pacientes em busca de socorro médico.
Em paralelo, persistem os comportamentos abusivos que ignoram as medidas de proteção e persistem os grupos de pressão, alguns movidos a interesses político-partidário, para o relaxamento das medidas. Pacientes internados em áreas extras nas unidades hospitalares públicas e privadas relatam o drama vivido nesses espaços onde doentes dividem a área com mortos, equipes médicas correndo de um lado para outro tentando dar conta ao número elevado de pessoas dando entrada nesses locais.
O Amazonas e, principalmente a cidade de Manaus, está diante de uma questão que irá decidir como serão os momentos seguintes após o dia 16 de janeiro. Se a manutenção do caos atual ou se a travessia com menor instabilidade. Para isso, é momento de o conjunto das autoridades dos poderes executivo, legislativo e do judiciário se posicionarem considerando a situação de hoje; representantes das instituições estão sendo convocados a também manifestarem as escolhas que farão.
A interlocução entre os diferentes setores é necessariamente exigida para que, em meio as outras exigências, como a de ação em defesa do trabalho e da renda, especialmente aquela destinada aos segmentos mais vulneráveis, prevaleça a sensatez. Cabe ao governo do Estado e do Município identificarem medidas de socorro a essas famílias. O ideal era que a ação tivesse sido construída pelos três níveis de governo, mas o Governo Federal tem se omitido nesse planejamento deixando a responsabilidade nas mãos de governadores e prefeitos enquanto o chefe da Presidência da República continua ignorando os protocolos, incentivando, com essa conduta, a que outros façam o mesmo.
Esse fator complica profundamente o esforço no sentido de estabelecer um plano nacional de enfrentamento à pandemia do novo vírus, considerando as especificidades de cada local. Os confrontos promovidos nessa área seguem adiante e produzem impasses que estão sendo traduzidos em prejuízo tanto para a economia quando para a saúde pública. Os órgãos responsáveis, dentro da estrutura governamental, têm dirigentes apeados à postura presidencial que arrastam essas organizações para desempenhar um papel deprimente.