Transparência na vacinação no Amazonas

Diante da maior crise sanitária de sua história, o Amazonas, especialmente a capital, Manaus, ainda pode ser um exemplo positivo de transparência e responsabilidade na vacinação contra covid-19. Por enquanto, os primeiros passos da vacinação por aqui não seguem essa direção. São muitas as denúncias de que empresários, estudantes de medicina e advogados, entre outros, teriam se vacinado sem integrar qualquer dos grupos de risco.É vergonhosa a atitude de pessoas abastadas que se valem de sua influência e poder econômico para furar a fila da vacina.
Com doses ainda em número insuficiente para todos, é fundamental que a vacinação siga critérios rigorosos, priorizando pessoas dos grupos de risco. Cada vacina desviada desse público pode significar o adoecimento e morte de um profissional da Saúde, de um idoso ou de alguém que está todos os dias na linha de frente do combate à pandemia. Foi acertada a decisão da justiça federal que determina a divulgação diária da lista de vacinados, bem como dos critérios adotados. Cabe à Prefeitura de Manaus, responsável pela aplicação das vacinas, tomar medidas para assegurar transparência absoluta sobre esse tema tão importante. O mesmo vale para as demais prefeituras do interior, de onde também há relatos de desvio de vacinas. Não se pode tolerar “espertezas”, “jeitinho” ou “carteiradas” – posturas tão enraizadas em nosso dia a dia – em relação à vacinação.
Quem furou a fila tem que ser identificado e punido, nem que seja apenas por meio da exposição pública de seu ato. A Justiça também determinou que as pessoas que receberam a primeira dose de maneira indevida não recebam a segunda. Tirando pessoas mal informadas e os terraplanistas, todos aguardam com ansiedade a imunização contra a covid-19. Derrapadas do governo federal – atuais e pretéritas – deixaram o País sem garantia de que teremos no curto prazo vacinas suficientes para imunizar a parcela mínima da população necessária para promover a sonhada imunidade coletiva. Por enquanto, temos que nos virar com o que temos e respeitar os critérios de vacinação. Independentemente da decisão judicial, a Prefeitura precisa anunciar o quanto antes quais providências vai tomar para garantir a transparência que a vacinação exige.