União pelos mais fragilizados

No momento mais agudo da pandemia no Amazonas, quando o Estado passa a registrar a maior taxa de mortalidade do País - 171,87 óbitos a cada 100 mil habitantes – a união de esforços é fundamental e indispensável. Daí a iniciativa dos nove ex-ministros do Meio Ambiente, que enviaram carta a líderes mundiais pedindo socorro para as populações mais vulneráveis da Amazônia. São indígenas e ribeirinhos que, além de sofrer os efeitos da pandemia sem precedentes, também enfrentam as consequências dos incêndios que ocorreram no período da estiagem, agravando problemas respiratórios causados pela covid-19.
Os governos estadual e federal vêm concentrando esforços para amenizar o sofrimento dessas populações, mas é notória a carência de recursos para aplacar a dor de tantos. Os ex-ministros tomaram a iniciativa de recorrer ao presidente da França, Emmanuel Macron, à primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel, e à primeira ministra da Noruega, Erna Solberg, solicitando doação de materiais, equipamentos e medicamentos vitais para assegurar a sobrevivência deles. O ato dos ex-ministros e o eventual atendimento ao seu chamado não devem ser vistos como intervenções políticas, mas como atitude de cunho humanitário que deve ter o apoio dos governos tendo em vista a gravidade da crise sanitária.
O Brasil e o Amazonas precisam buscar toda forma de apoio, inclusive internacional, no combate à pandemia e seus efeitos terríveis nas populações amazônicas. Vale ressaltar que é nessas populações que se concentram saberes ancestrais a respeito de recursos naturais e da rica biodiversidade regional. O atendimento a essas comunidades é extremamente complexo dada a própria complexidade da logística da região, exigindo vultosos investimentos no momento que o poder público se desdobra para manter o sistema público de saúde em pleno funcionamento. As perspectivas não são boas. Na segunda-feira (25), a Fiocruz alertou sobre a necessidade urgente de ampliação de leitos de internação e medidas de isolamento, principalmente nas regiões do Baixo Amazonas, onde estão municípios como Nova Olinda do Norte e Apuí.
É possível que o cenário ainda piore um pouco antes de começar a melhorar no Estado, de modo que, neste momento, todo tipo de ajuda é muito bem-vinda.