Gandhicats chega ao Garantido sob forte expectativa e prepara performances notáveis

Tendo a ousadia e inovação como marca de toda a sua trajetória profissional, o grupo de dança Gandhicats mostrou no ensaio técnico aberto do Boi-bumbá Garantido um grande espetáculo na arena do Bumbódromo, dando um aperitivo do que deve ser visto nas três noites do Festival.

Gandhi Tabosa, o diretor-fundador e coreógrafo do coletivo trouxe para Parintins um total de 30 bailarinos no barco do Movimento Amigos do Garantido para compor e auxiliar o elenco coreográfico atual. 

Parte de um projeto da Direção Geral de Espetáculos (DGE) do boi vermelho e branco, o artista explana como funcionará sua entrada no Festival de Parintins: “A DGE quis nos colocar em momentos específicos no Bumbódromo, dividiram nossas as noites para mostrar técnica, bailarinos profissionais, foi estratégia, pra causar impacto, efeito visual”. 

Novato no festival como coreógrafo, Tabosa deixa claro que existem desafios na abordagem dentro do Bumbódromo que se diferenciam da realização do seu premiado trabalho em festivais de dança pelo País afora: “Aqui na Arena, é muito doido isso, eu trabalho com competição (de dança), e é uma outra linguagem, para arena é muito mais efeito visual, principalmente nessa percepção vista de cima. Então, tive que estudar isso e pensar em um corpo que tá sendo visto de cima, e não de frente ou de baixo, que é o que normalmente um palco italiano se espera”.

No entanto, antes mesmo da primeira exibição pública do trabalho preparado pelo grupo, já existia uma enorme expectativa em torno de Gandhi, como ele mesmo admite: “Eu estou lidando com essa pressão desde que foi anunciado a nossa contratação. É uma responsabilidade muito grande, eu sinto isso de todo mundo, todo mundo que vem conversar comigo fala: ‘Ah o dez vem aí’ ou ‘Ah vocês vão salvar a gente’. Aí eu falo: ‘gente, calma’, exatamente por isso, eu sou só sou um ali sendo somado, eu não estou gerenciando ou dirigindo nada. Eu vou entrar só em momentos específicos. Tenho feito muita terapia para vir diminuindo essa expectativa, existe muita expectativa em cima da gente”.     

 Apesar de estar seguro com o trabalho, um dos coreógrafos mais prestigiados no Amazonas aponta suas maiores preocupações por estar uma posição diferente e nova do que ele realiza no seu grupo de dança: “Eu normalmente sou bem seguro com os trabalhos do Gandhicats, que eu estou sempre dirigido e tendo controle sobre tudo, tanto como música, figurino, iluminação e cenografia, então agora eu estou dependendo de outras pessoas, de outras demandas, então isso pra um capricorniano é andar num escuro. Mas eu estou confiante em apresentar o melhor corpo coreográfico possível”.

Para poder fazer esse trabalho intenso funcionar houve também uma abertura dos coreógrafos do boi da Baixa de São José que trabalham na Associação Folclórica durante anos: “Eu fiquei bem livre, eles foram bem receptivos comigo e tá todo mundo bem aberto, eu não tive resistência nenhuma da parte dos coreógrafos perrechés. Eles que estão há anos aqui no Garantido, eles estão querendo exatamente isso: o novo, a técnica e a inovação”, explica o coreógrafo-fundador do grupo.

Apesar de ser a mente principal do Gandhicats, Tabosa também deu a Jorge Saboia e Athyrson da Silva a função de serem seus assistentes de coreografia. Saboia destaca que todos estão trabalhando com um propósito bem claro: “O Gandhicats vem se preparando bastante, ensaios semana após semana, dia após dia, para entregar algo inovador para galera do boi, eu acho que é bom chegar e inovar”.

Para chegar em um resultado digno de nota dez dos jurados na competição, o jovem dançarino destaca a a intensa rotina de ensaios até a estreia no Bumbódromo: “A minha rotina é de ensaio atrás de ensaio só dá tempo de ensaiar, ir para casa, descansar para o outro dia, pois tem ensaio de novo, porque a gente não pode parar. A gente tem que alinhar tudinho pra fazer uma apresentação perfeita”. 

Além do esforço enorme em garantir uma performance impecável, existem nomes no grupo que tem uma ligação mais íntima com o boi do coração vermelho, é o caso de Marcela Lobo, dançarina de 23 anos pertencente ao grupo desde 2017.

“Eu sou Garantido desde pequena. Já tinha vindo a Parintins em algumas outras oportunidades, mas pra dançar é a primeira vez. Então, ser torcedora do Boi Garantido e agora ter essa oportunidade de participar desse espetáculo é uma experiência única”.

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