Segundo dados do Sindarma, o lugar mais perigoso atualmente para o transporte de cargas no Estado é a região do Baixo Amazonas, entre os municípios de Itacoatiara e Parintins
(Foto: Divulgação)
Os ataques piratas e a falta de segurança no transporte de cargas nos rios do Amazonas, que provocam prejuízos anuais de R$ 100 milhões apenas em produtos roubados, serão os temas debatidos nesta terça-feira, dia 7, em reunião promovida pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em sua sede em Brasília (DF), com o Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Amazonas (Sindarma).
No encontro, que terá participação de representantes e entidades de todo o País, o presidente do Sindarma, Galdino Alencar Júnior, irá apresentar a situação de urgência pelo qual atravessa o setor no Estado, principalmente, neste período do ano quando os ataques se intensificam, e entregar um relatório que será encaminhado pela CNT ao Congresso Nacional, Ministério dos Transportes, além da direção de órgãos como a Polícia Federal e a Marinha do Brasil, pedindo apoio e providências imediatas contra os piratas.
“O cenário está descontrolado e quase insustentável, principalmente, no que se refere ao transporte de combustíveis para abastecer postos e usinas de energia no interior que, atualmente, são os produtos mais roubados pelos criminosos, juntamente com as botijas de gás”, afirmou Galdino, ao acrescentar que 400 embarcações atuam, exclusivamente, neste segmento no Amazonas e diariamente estão sob ameaça.
Além dos combustíveis, o dirigente do sindicato e vice-presidente da Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega) alerta que alimentos e equipamentos eletroeletrônicos produzidos no PIM são os produtos mais visados pelas quadrilhas que dominam os rios da região. “No caso de aparelhos de TVs que são transportados trancados em carretas de alumínio nas balsas, os assaltantes chegam a destruir toda a cobertura com golpes de machado”, revela Galdino.
Alencar Jr. alerta ainda que, todos os investimentos feitos pelas empresas transportadoras com escoltas de segurança e monitoramento via satélite das embarcações, não conseguiram reduzir a ação dos piratas nos rios do Amazonas e que somente a presença das forças de segurança pública estaduais e federais poderão intimidar os assaltantes.
Segundo dados do Sindarma, o lugar mais perigoso atualmente para o transporte de cargas no Estado é a região do Baixo Amazonas, entre os municípios de Itacoatiara e Parintins, até a cidade paraense de Juruti. “Se passar nesta área, principalmente de noite, vai ser roubado. São muitas rotas de fuga e não adianta registrar Boletim de Ocorrência porque nunca mais serão encontrados”, adverte Galdino.
MUTILAÇÃO
Além dos prejuízos econômicos para o Estado e para os municípios, Galdino Alencar Jr. alerta para o aumento da violência dos piratas contra os tripulantes das embarcações.
Dados do sindicato mostram que, somente em 2021, três tripulantes foram assassinados em ataques, além de dezenas de feridos em tiroteios, agressões graves, espancamentos e até casos notificados de mutilação das orelhas de marinheiros.
“Apesar da oferta de empregos e vagas, cada vez menos pessoas se interessam em trabalhar na área porque temem pela vida. E isso representa uma séria ameaça para o abastecimento dos municípios do interior porque está cada vez mais difícil para empresas e tripulantes manterem suas atividades”, adverte Galdino. O dirigente do Sindarma também afirmou que, antes do final deste ano, aguarda a confirmação de uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública do Estado para debater ações e projetos para ampliar a segurança nos rios do Amazonas.