SABATINA

Israel Tuyuka promete guerra contra crimes ambientais e fala sobre mineração em terras indígenas

Em entrevista especial concedida ao podcast Sim & Não, de A CRÍTICA, o médico intensivista candidato ao governo do Estado pelo PSOL ressaltou que a mineração em terras indígenas é possível, desde que seja decidida por esses povos e realizada por eles

Jefferson Ramos
jefersonramos@acritica.com
26/09/2022 às 19:18.
Atualizado em 26/09/2022 às 19:18

(Foto: Jeiza Russo)

O candidato ao governo do Amazonas pelo PSOL, o médico intensivista Israel Tuyuka, se comprometeu, caso seja eleito,  ser “duro” com o cometimento de crimes ambientais. Mas ressaltou que a mineração em terras indígenas é possível, desde que seja decidida por esses povos e realizada por eles. 

Indígena de São Gabriel da Cachoeira, Tuyuka disse, que em um eventual governo, vai ampliar a parceria com o governo federal com o objetivo de retomar a fiscalização e punição de crimes ambientais. O candidato fez a afirmação durante sabatina no podcast Sim & Não, de A CRÍTICA.

“A gente tem que começar com essa lógica de fiscalização e de multa. Quem invadiu a terra queimando e se apossando vai ter que sair fora daí. Porque não é a terra dele. Ele queimou para que? Para derrubar e tirar madeira ou para se apossar das terras. Se fizerem isso multa e seguir as regras, para fora. Se não quiser, cadeia porque a gente não tem que ser tão devagar com esse tipo de gente”, salientou o candidato.

O médico intensivista Israel Tuyuka é candidato ao governo do Amazonas pelo PSOL (Foto: Jeiza Russo)

Garimpo

O candidato afirmou que a mineração em terras indígenas pode ser possível uma vez que os próprios indígenas decidam sobre a questão e que eles mesmos realizem a exploração. Para isso, o candidato salientou que seria necessário qualificar os indígenas que atualmente só servem de mão de obra barata para os garimpeiros.

"Precisamos primeiro preparar recursos humanos qualificados a nível superior. Não queremos ser simplesmente garimpeiros, não. Porque do jeito que está hoje a maioria da população indígena e ribeirinha que vai para o garimpo se torna mula, carregadores de cascalho", alertou.

O candidato deixou em aberto a possibilidade da mineração em terras indígenas, desde que capitaneada pelos próprios indígenas (Foto: Jeiza Russo)

Hospitais

Israel Tuyuka afirmou que pretende criar um hospital indígena, mas não deu detalhes onde e como iria construir essa unidade médica voltada para os povos tradicionais do Amazonas. Para ele, no Estado, se constrói hospital até para animais "porque a gente não pode criar hospital para os povos indígenas”. 

O candidato acrescentou que seria uma possibilidade também levar aos hospitais públicos de todo o estado com conhecimentos tradicionais dos povos indígenas para tratar as pessoas, mas destacando que os conhecedores destes tratamentos devem ser remunerados por isso.

“Temos aí gente que sabe tratar através de plantas medicinais, tratamento fitoterápico . Trazer os conhecedores tradicionais para dentro dos hospitais, não para eles fazerem um trabalho de graça. Estamos no Amazonas onde tem muitas coisas onde os ribeirinhos e indígenas sempre usaram plantas medicinais, conhecimentos tradicionais milenares para tratar e prevenir doenças. Eles precisam somar”,  avalia Tuyuka. 

Na avaliação do médico, o principal gargalo da saúde pública no Amazonas é a gestão. Segundo ele, especialmente, a gestão administrativa dos hospitais 28 de Agosto, Platão Araújo e João Lúcio. 

Ele classificou esses hospitais como unidades de saúde que atuam no cenário de guerra dado, segundo ele, o descontrole administrativo. Tuyuka adverte que o governador não pode apontar qualquer médico para o cargo de diretor de um hospital, porque o médico tem que ter o preparo para lidar com essa tarefa.

Gestão

“O Estado tem que fiscalizar muito bem e saber colocar na gestão as pessoas certas. Se no Delphina funcionar, então vamos buscar novos caminhos para que esses outros hospitais também funcionem bem também. Se o problema é a gestão, vamos ter que sentar para planejar e organizar (...) Não posso colocar um médico que não entende nada de gestão no comando de um hospital. Tem que ser um médico ou enfermeiro que entenda de gestão ”.

Para  Tuyuka não é possível zerar a filha  atendimentos para exames e consultas do Sistema de Regulação (Sisreg) em 120 dias. “Não dá, por exemplo, já vi algumas propostas de um candidato de que vai zerar a fila do Sisreg. Isso é impossível. Dizer que vai zerar em 120 dias é enrolar as pessoas, o povo. Tô lá dentro, sei o que está acontecendo na saúde”, confrontou.

Ainda na área da saúde, ele reconheceu que a maioria dos médicos não se sente à vontade em atuar no interior por conta da falta de estrutura e dos baixos vencimentos. O candidato também prometeu melhorar a estrutura médica no interior para atrair médicos especialistas.

“O custo de vida em São Gabriel é o triplo daqui de Manaus, se você ganha dez mil é como se fosse cinco mil. Como é interior muitos médicos não se acostumam por conta da estrutura da cidade. A gente precisa construir residências onde ele possa chegar e morar.

Auxílio estadual

Na área social, Israel Tuyuka disse que vai manter o Auxílio Estadual Permanente cujo valor do benefício é de R$ 150. Ele não detalhou se pretende ampliar o número de famílias beneficiadas e o valor. 

“O Auxílio é importante até certo ponto. Se eu mantiver isso por muito tempo vou criar simplesmente mendigos. Não quero criar mendigos. Não quero dar migalhas para eles. A gente pensa em fazer parcerias com as universidades para profissionalizar essas pessoas", finaliza.

Secretaria

Perguntado sobre a criação de uma secretaria para povos indígenas, o candidato disse que está no radar dar status de secretaria para Fundação Estadual do Índio atualmente sobre o guarda-chuva da Secretaria de Estado de Justiça (Sejusc). 

No governo de Tuyuka, essa secretaria, segundo ele, terá ênfase na criação de política pública para os indígenas diferente de outras gestões em que tal estrutura se tornou uma disputa entre os indígenas por cargos.

“Eu recriaria sim a Seindi porque é necessário. O Amazonas é o estado que tem maior população indígena. É necessário porque eles precisam tomar um novo rumo nas decisões políticas deles”, prometeu.

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