Justiça

Vereador de Manacapuru é condenado a dois anos de prisão por ameaça e infração de medida sanitária

Condenação, que deve ser cumprida em regime semi-aberto, se dá porque em 2021 ele entrou numa escola sem máscara durante a pandemia de covid-19 e que mandou o segurança e o diretor da unidade “tomar no c*”

acritica.com
20/10/2023 às 20:34.
Atualizado em 20/10/2023 às 20:34

Gerson D'Angelo é primo do prefeito de Manacapuru, Beto D'Angelo (Foto: Divulgação)

O vereador Gerson D’Angelo (Republicanos) que entrou numa escola sem máscara durante a pandemia de covid-19 e que mandou o  segurança e o diretor da unidade “tomar no cu” quando foi cobrado a colocar a proteção, foi condenado essa semana a mais de 2 anos em regime - inicialmente - aberto pelo juiz de direito substituto de Manacapuru, Marco Plazzi Palis.

A condenação diz respeito aos crimes de  ameaça, desacato, infração de medida sanitária preventiva e exercício arbitrário das próprias razões. No dia 25 de maio de 2021, o parlamentar adentrou na Escola Municipal Zoraida Alexandre, em meio à pandemia de covid-19, sem máscara de proteção.  

Devido à cheia do rio Solimões, que inundou o prédio da Câmara Municipal, naquele ano as sessões plenárias estavam sendo realizadas  duas vezes por semana no auditório da escola municipal. Manacapuru foi um dos municípios do Amazonas com maior número de óbitos em decorrência da novo coronavírus. 

Ao ser barrado por um agente de portaria da unidade escolar, o parlamentar reagiu com palavrões. O diretor da escola, à época, Jackson Azevedo, tentou intervir ao que o vereador respondeu “seu vigia era muito folgado”. O segurança interrompeu e afirmou que o vereador havia lhe mandado “tomar no cu” e que teria dito que também mandaria a testemunha “tomar no cu” junto de todos da escola.

Em depoimento à Justiça, o diretor disse que confrontou o parlamentar perguntando se de fato isto era procedente o que o segurança relatou no que ele respondeu: “Eu disse isso sim: vá tomar no cu você e todos desta escola”.

“A testemunha disse que o vereador deveria mostrar respeito pois estaria promovendo desacato contra funcionário público, ao que o vereador respondeu dizendo que a testemunha deveria procurar o presidente da Câmara, 'Sassá', e que a escola estava cedida para a Câmara - a testemunha pediu novamente respeito, ao que o vereador novamente respondeu lhe mandando 'tomar no cu'", diz um trecho do depoimento expresso na decisão judicial.

O diretor relatou, três dias depois da agressão, em entrevista ao A CRÍTICA, publicada no dia 28 de maio de 2021, que reforçou o pedido para Gerson D’Angelo colocar o equipamento de proteção (máscara) e como resposta recebeu xingamentos. 

“Liguei para a polícia, não tinha outra saída”, relatou o professor. "A Polícia Militar foi acionada e compareceu ao auditório antes de começar a sessão da Câmara Municipal pedindo esclarecimentos sobre o porquê do vereador se recusar a usar máscara e desacatar o funcionário público, mas o presidente da Casa teria pedido para que os PMs se retirassem do local”, disse o diretor à época. 

Por conta do ocorrido, Jackson Azevedo que administrava a escola há 9 anos foi afastado do cargo. O vereador é primo do prefeito de Manacapuru, Beto D’Angelo. Para A CRÍTICA, à época, o município argumentou que havia aberto uma sindicância e que o diretor não poderia intervir no trabalho do Legislativo usando a PM. 

O caso foi levado ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM), por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Manacapuru, que instaurou um procedimento preparatório para investigar a conduta do parlamentar.

A decisão do juiz de direito foi assinada na última segunda-feira (16). Contra a sentença cabe recurso.

No início desta semana, Gerson D’Angelo viralizou nas redes sociais ao cobrar do presidente da Câmara Municipal, Thuco Benício (Cidadania), a votação do aumento salarial dos vereadores no momento em que o município passa por situação de emergência ambiental provocada pela vazante do rio Solimões. O pedido foi negado pelo presidente da Casa Legislativa.

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