Fumaça e calor extremo são prejudiciais à saúde, podendo afetar diversas partes do nosso corpo; saiba como se cuidar
(Foto: Divulgação)
Nas últimas semanas, o Amazonas tem sido atingido pela densa nuvem de fumaça, resultado da combinação da estiagem e das queimadas. Este mesmo fenômeno climático já havia sido registrado no estado, no início do mês de agosto. A situação tem ligado o alerta não somente dos ambientalistas, mas, também, da comunidade médica.
Isso porque o contato com a fumaça pode afetar diversas áreas do nosso corpo. Quando o monóxido de carbono (CO) é inalado, ele atinge o sangue, onde se liga à hemoglobina e impede o transporte de oxigênio para células e tecidos do corpo.
“No caso da nossa cidade de Manaus, esse fenômeno das queimadas afeta a saúde da nossa população, mas não apenas os pulmões. A princípio, você tem doenças causadas pelas vias aéreas e pulmonares. Então, você tem sinusite, faringite e laringite, associadas à inalação dessa fumaça, além de asmas”, explica a médica cardiologista Tatiane Aguiar, membro do Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas.
A fumaça que encobre o céu de Manaus e interior do Amazonas pode desencadear um processo inflamatório sistêmico, com efeitos prejudiciais sobre o coração e o pulmão. Em alguns casos, levando à morte.
Atividades físicas
Assim como as mudanças climáticas trazem consequências para o modo de vida, o fenômeno também traz reflexos aos praticantes de exercícios físicos - especialmente, pessoas que realizam atividades ao ar livre, como corrida, circuitos funcionais, artes marciais, beach tênis e demais modalidades coletivas.
Segundo a doutora Amanda Alcântara, os níveis alarmantes de poluição do ar são demonstrados pela concentração de material particular fino (MP2,5) ultrapassando os 90 μg/m³. Essa situação representa um risco significativo para a saúde pública, especialmente para grupos vulneráveis.
“A exposição à poluição do ar pode ser particularmente perigosa para certos grupos da população, como crianças, idosos, pessoas com doenças respiratórias ou cardiovasculares e gestantes. Crianças e idosos têm sistemas respiratórios mais sensíveis, o que os torna mais suscetíveis aos efeitos negativos das partículas finas. Indivíduos com asma, bronquite, DPOC ou doenças cardíacas devem evitar qualquer exposição adicional à poluição, pois ela pode agravar suas condições. Além disso, a exposição à poluição pode ter impactos tanto na saúde da mãe quanto no desenvolvimento do feto”.
A prática de exercícios em ambientes poluídos pode aumentar a pressão arterial devido à inflamação e ao estresse oxidativo induzidos pelas partículas de poluição. Esse aumento na pressão arterial pode colocar mais estresse no coração, especialmente em indivíduos com doenças cardiovasculares.
Exercícios em condições de ar poluído podem aumentar o risco de eventos cardiovasculares, como arritmias, ataques cardíacos e derrames - particularmente, em pessoas com condições cardíacas preexistentes. “Durante a prática de exercícios, a taxa de respiração aumenta significativamente. Isso significa que você inala mais ar por minuto, o que também aumenta a quantidade de poluentes que entram nos pulmões. Em repouso, uma pessoa adulta inala cerca de 5 a 8 litros de ar por minuto, mas, durante o exercício, essa quantidade pode aumentar para 20 a 100 litros por minuto, dependendo da intensidade da atividade”, explicou Amanda.
A médica recomenda que a população evite, ao máximo, se expor em ambientes externos e reforce os cuidados com a saúde.
Cuidados em período de oscilação climática
Para reduzir os efeitos da poluição, o uso de máscaras N95 pode ser uma medida eficaz para aqueles que precisam sair de casa, pois elas ajudam a filtrar as partículas finas presentes no ar. Em dias de alta poluição, manter as janelas fechadas é crucial para evitar a entrada de ar poluído em ambientes internos. Se possível, a utilização de purificadores de ar em casa ou no trabalho pode ajudar a reduzir a concentração de poluentes internos.
A alimentação também desempenha um papel importante no combate aos efeitos da poluição. Uma dieta rica em antioxidantes, como frutas cítricas, cenoura, espinafre e brócolis, pode ajudar a combater os danos causados pelos radicais livres gerados pela poluição. Suplementos de ômega-3 são recomendados por suas propriedades anti-inflamatórias, ajudando a mitigar os efeitos da poluição. Alimentos como curcumina e gengibre, conhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias naturais, também devem ser incluídos na dieta.
Além disso, manter uma boa hidratação é essencial para auxiliar o corpo na eliminação de toxinas. Para uma pessoa de 70 kg, a recomendação ajustada seria:70 kg x 40 ml = 2,8 litros de água por dia.