Bancada de apoio ao governador tampão está sendo costurada pelo vice Bosco Saraiva e pelo deputado Dermilson Chagas
99.jpg
Um dia antes da diplomação, o governador eleito Amazonino Mendes (PDT) já contabiliza que pelo menos 15 dos 24 deputados estaduais em sua base de apoio na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM). A bancada de oposição costurada durante a campanha, segundo articuladores do governador eleito, já começa a dar mostras de que, com sua chegada, está se fragmentando, perdendo força.
Um dos articuladores da relação do próximo governo com a ALE-AM é o vice-governador eleito, deputado Bosco Saraiva (PSDB). “Nós estamos, com muita simplicidade, conversando com todos. Todos têm consciência do tamanho deste mandato, do grave momento do Estado, dos gargalos que existem especialmente nos setores de saúde e segurança. Estou absolutamente aberto as conversas, aos arranjos políticos que forem necessários”, disse Bosco.
O parlamentar sustenta que é da "natureza" dos deputados que possuem assento na ALE-AM colaborar com o Poder Executivo. "Hoje, seguramente, temos na base mais de 15 deputados. Tenho certeza que teremos uma grande base para ajudar o governo a promover medidas necessárias e que serão feitas de forma absolutamente transparente. Nós ainda não temos, por exemplo, indicação para liderança de governo. Isso o Amazonino ainda vai ver", destacou Bosco Saraiva.
Mesmo o quarteto mais próximo do governador interino David Almeida (PSD), composto por Abdala Fraxe (Pode), Ricardo Nicolau (PSD), Francisco Souza (PODE) e Platiny Soares (DEM), também já começou a ser sondado por Bosco. "Conversei com o Francisco Souza e disse que contamos com ele. O Abdala deverá compor com a gente também, pois é da natureza dele ajudar o governo”, disse Bosco.
Recentemente, Bosco Saraiva travou um embate com o presidente interino da ALE-AM, deputado Abdala, que decidiu retardar em cinco dias a data da posse da chapa vencedora. A posse que antes seria realizada no dia 5 de outubro foi transferida para o dia 10. Bosco reagiu. Questionado se o clima de atrito lhe causa estranheza, Bosco afirmou que considera algo natural. "Eu acho natural as discussões, os debates. Faz parte do parlamento. É comum a democracia, comum aos parlamentos uma argumentação. Subir o tom é natural. Esse é o debate político que de fato tem que acontecer", analisou.
O deputado Dermilson Chagas (PDT) também tem atuado nas negociações da base. “Cada um está fazendo uma parte. Temos conversado com aqueles que não apoiaram na campanha o governador (Amazonino). O Cabo Maciel, por exemplo, não apoiou mas é uma pessoa interessante e que estamos ouvindo. É um processo de construção, ninguém está atropelando ninguém. A ALE-AM será importante, pois o Amazonino tem que tomar decisões importantes, como talvez uma reforma administrativa”, ponderou.
Oposição tem quatro parlamentares
Nos bastidores é dado como certo que com o passar dos primeiros dias de governo de Amazonino Mendes (PDT), a bancada de oposição se resuma a José Ricardo (PT), Luiz Castro (REDE), Alessandra Campelo (PMDB) e Serafim Correa (PSB).
Única mulher na Casa Legislativa, Alessandra, da bancada do PMDB de Eduardo Braga, será a única a se manter fiel ao senador. Os outros dois membros da legenda - Vicente Lopes e Wanderley Dallas, já migraram para a base de Amazonino.
Além dessa dupla, são dados como certos na base governista os deputados: Sidney Leite (Pros), Mário Bastos (PSD), Dermilson Chagas (PDT), Augusto Ferraz (DEM), Adjuto Afonso (PDT), Carlos Alberto (PRB), Josué Neto (PSD), Doutor Gomes (PSD).
Apesar de ser do PT, o deputado Sinésio Campos tem tradição de governista, resquício de quando foi líder do governo braguista. Belarmino Lins (Pros), tradicionalmente governista, para aliados de Amazonino, “não dará trabalho”.
Orlando Cidade, Francisco Souza, Cabo Maciel, Ricardo Nicolau, Platiny Soares, Sabá Reis e Abdala não apoiaram Amazonino e seguiram as orientações do governador interino. Por enquanto, aguardam serem conquistados pelo novo governo.
Adversário histórico irá fiscalizar
O deputado estadual Serafim Correa (PSB), que no passado disputou a eleição para a Prefeitura de Manaus contra Amazonino duas vezes, tendo conquistado uma vitória seguida de uma tentativa de reeleição na qual saiu derrotado pelo pedetista, afirma que neste mandato fará oposição ao governador eleito.
“Serei oposição a ele (Amazonino Mendes). Nós disputamos essa eleição e perdemos. O povo escolheu ele e nos disse para sermos oposição, fiscalizar”, disse Serafim, que lançou o filho candidato – o vereador Marcelo Serafim, que terminou o primeiro turno da eleição suplementar em sexto lugar.
O parlamentar afirmou que não irá se recusar a discutir as questões do Estado e aquilo que for de interesse da população, mas disse considerar Amazonino Mendes mal assessorado e equivocado em referência à decisão do novo governador de questionar no STF a lei complementar 160/2017.
Amazonino em outras oportunidades afirmou que a lei é o “maior ataque da história da Zona Franca”. “Não há sentido o Amazonas brigar com outros 26 estados contra uma decisão modulada pelo Supremo. Ele ganhou a eleição dizendo que vai arrumar a casa. Eu espero que ele o faça”, disse Serafim.