Transição

Aliados de Bolsonaro e Alckmin dão início à transição

Bolsonaro cumprimenta Geraldo Alckmin a portas fechadas. Segundo vice-presidente eleito, ocupante do Planalto sinalizou "transição tranquila”.

DW Brasil
04/11/2022 às 08:23.
Atualizado em 04/11/2022 às 08:23

(Foto:; DW Brasil)

Mais de quatro dias após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) segue sem parabenizar o seu rival pelo resultado, mas isso não tem impedido o início do processo de transição de governo. 

Nesta quinta-feira (03/11), o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), nomeado por Lula como coordenador da equipe de transição, participou de reuniões com membros do Congresso e do governo federal. Alckmin também teve um breve encontro a portas fechadas com Bolsonaro no Planalto.

"Foi positivo [o encontro com o presidente]. Nós estávamos de saída, e o presidente convidou para ir ao seu gabinete. Ele reintegrou sua participação para que tenhamos uma transição pautada na transparência e para que tenhamos uma transição tranquila”, disse Alckmin. Questionado se o presidente o havia parabenizado pela vitória na eleição de domingo, Alckmin não respondeu.

Mais cedo, Alckmin teve uma primeira reunião com membros do governo. O encontro comandado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira e contou ainda com participação do ministro da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos.

No lado da equipe de Lula, além de Alckmin, participaram o ex-ministro Aloizio Mercadante e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Segundo Alckmin, Ramos parabenizou os membros da equipe de Lula pelo resultado da eleição e se colocou à disposição para auxiliar na transição.

"Nos cumprimentou, deu os parabéns, desejou um ótimo trabalho e se colocou à disposição nesse período de transição, porque quem faz a transição é o ministro Ciro Nogueira, mas tem uma parte que ele participa”, disse Alckmin.

O governo de transição deve ser oficialmente instalado a partir da próxima segunda-feira no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.

Na data, está previsto que o presidente eleito conduza uma série de reuniões. No mesmo dia deve ocorrer a divulgação oficial dos nomes que farão parte da equipe de transição. Pela legislação que regulamenta a transição, Lula poderá designar oficialmente até 50 pessoas para compor a equipe.

Segundo Alckmin, nomes do MDB e do PDT que apoiaram a candidatura de Lula no segundo turno devem fazer indicações para a equipe.

Nogueira convocou os ministros Célio Faria e Fábio Faria (Comunicações), além do chefe de gabinete de Bolsonaro, Pedro César Nunes de Souza, para auxiliá-lo na coordenação dos trabalhos.

O governo de transição deverá ser efetivamente instalado na semana que vem no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, a partir da semana que vem.

Ainda nesta quinta-feira, Alckmin esteve no Congresso Nacional, onde se reuniu com o relator do Orçamento, Marcelo Castro (MDB-PI), e o senador eleito Wellington Dias (PT-PI).

Após o encontro, os três anunciaram que pretendem propor aos presidentes da Câmara e do Senado a aprovação de uma PEC para retirar do teto de gastos despesas que precisam ser direcionadas para ações descritas como "inadiáveis" e para as quais não foram reservadas recursos suficientes em 2023. Entre as medidas "inadiáveis” está a manutenção em 2023 do Auxílio Brasil no valor de R$ 600, que não foi contemplado no Orçamento elaborado pelo governo Bolsonaro.

Paralelamente, ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) se reuniram nesta quinta-feira com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Ciro Nogueira para tratar da transição de governo. Guedes e Ciro saíram sem falar com a imprensa, mas Antonio Anastasia, ministro do órgão, disse que o encontro sinalizou que a transição será tranquila.

"Há uma grande receptividade por parte da equipe do atual governo, que quer fornecer as informações. E eu acredito que assim vai ocorrer de maneira serena e tranquila", afirmou Anastasia.

Bolsonaro não barra transição, mas deixa brecha para protestos
Isolado após a derrota, Bolsonaro tem evitado antagonizar com a equipe de transição ou criar dificuldades para os enviados de Lula. No entanto, o presidente ainda continua a evitar parabenizar o vencedor das eleições ou afirmar explicitamente que perdeu o pleito, deixando margem para que seu apoiadores radicais organizem protestos.

Na quarta-feira, em sua segunda declaração pública após o resultado, Bolsonaro se limitou a afirmar ter ficado "triste" com o resultado.

O presidente demorou quase dois dias para fazer um primeiro pronunciamento sobre o resultado. Na ocasião, não parabenizou o vencedor, quebrando uma tradição das eleições presidenciais. Na mesma fala, Bolsonaro também fez acenos a sua base radical e "terceirizou” o anúncio do início da transição para o ministro Nogueira.

O "silêncio" inicial do político de extrema direita sobre o resultado acabou servindo como deixa para que apoiadores extremistas do presidente promovessem atos de rebelião para tentar reverter o resultado da votação.

Poucas horas após o anúncio do resultado, ainda no domingo, bolsonaristas começaram a montar bloqueios em várias rodovias do país. Nesta terça-feira, o país havia amanhecido com cerca de 400 pontos de obstrução.

No seu primeiro pronunciamento, Bolsonaro evitou condenar taxativamente os bloqueios. Na quarta-feira, em um vídeo, foi mais explicito em pedir o fim das ações ilegais. Mas ainda novamente deixou brecha para que seus apoiadores organizem outros tipos de protesto contra o resultado.

Nesta quinta-feira, ao ser questionado sobre os bloqueios ilegais, Alckmin condenou os protestos, mas evitou antagonizar com o governo sobre o tema.

"É grave, você pode comprometer a saúde das pessoas, abastecimentos, hospitais, transplantes, vacinas, alimentação, combustível, prejuízos. Quem vai pagar esses prejuízos? Quem vai ser responsabilizado por esses prejuízos. Uma coisa é manifestação, outra coisa é limitar o direito de ir e vir das pessoas”, disse.

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