Desmatamento acelerado

Amazonas é o único estado da Amazônia Legal a apresentar aumento no desmatamento

Dados correspondem ao período de 2021 para 2022 e divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

Lucas Vasconcelos
cidades@acritica.com
04/12/2022 às 16:23.
Atualizado em 04/12/2022 às 16:23

Dos estados da Amazônia Legal, o AM teve aumento no desmatamento. (Foto: Divulgação)

O Amazonas foi o único estado da Amazônia Legal que apresentou aumento no desmatamento de 2021 para 2022. Os dados são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes) divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na última quarta-feira (30). 

De acordo com a pesquisa, a área desmatada no Amazonas aumentou 13,05% no último ano. Em comparação aos demais estados, o Amapá foi o que apresentou maior redução no desmatamento, com 64,71% a menos de áreas devastadas entre 2021 e 2022. Em seguida, veio Tocantins com a segunda maior queda de desmatamento, apresentando 27,03%.

Para o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutor em Ecologia, Henrique Pereira, estes índices podem ser explicados de três formas distintas: como “vazamento”; efeitos de transbordamento e deslocamento da fronteira agropecuária.

“Os outros oito estados da região conseguem ser bem sucedidos em reduzir o desmatamento. Porém, esse desmatamento não ocorrido, por exemplo no Acre ou em Rondônia, é “vazado” para outro estado por decisão dos agentes econômicos que atual naqueles estados ou por seus financiadores que resolvem ocupar áreas, por exemplo no Amazonas”, destacou Pereira.

O Amazonas é um estado que vem apresentando taxas crescentes de desmatamento desde 2014, conforme os dados do Prodes. O pesquisador explica que nenhuma destas dinâmicas é trivial e que os órgãos públicos devem estar alertas às consequências que o desmatamento acelerado pode causar.

“São oito anos de crescimento contínuo, um desmatamento acelerado. Somos ‘a bola da vez’.  No caso do transbordamento, temos que nas bordas das áreas consolidadas pela ocupação agropecuária, o desmatamento se expande, avança, e isso pode acontecer em áreas de fronteira estadual como a região Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia) área de influência da BR-364”, explicou o professor.

“No caso do deslocamento, novas áreas de fronteira agrícola surgem, como é o exemplo do recente avanço da soja em áreas de cerrado de Roraima. De qualquer modo, nenhuma dessas dinâmicas é trivial, é preciso que o governo do Amazonas apresente suas análises e suas explicações. Será um desmatamento planejado, isto é, incentivado pelo estado?”, questionou Pereira.

Propostas

O pesquisador ressalta que o Governo do Amazonas tem capacidade de monitorar e criar soluções para reduzir o desmatamento no Estado. Segundo Henrique Pereira, é preciso desenvolver políticas públicas e aplicá-las de modo efetivo.

“Com o advento do Cadastro Ambiental Rural (CAR), o governo e seus órgãos ambientais de controle têm a capacidade de saber, em tempo real, quem é o proprietário (ou quem reivindica a posse) de uma área desmatada. Isso deveria ter tornado as ações de fiscalização e, por extensão, as ações de controle do desmatamento muito mais efetivas”.

“É o estado que tem que responder à sociedade perguntas como: quanto desse desmatamento ocorreram em áreas autorizadas, isto é, foram desmatamento legais? Quantas dessas áreas desmatadas foram fiscalizadas?”, finalizou.

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