PREMIAÇÃO

Com apresentação do rei Roberto Carlos, Prêmio Nobel Verde é lançado no Teatro Amazonas

Lançamento do Prêmio contou com homenagem a Erasmo Carlos e seis projetos premiados

Luana Carvalho
online@acritica.com
27/02/2023 às 22:04.
Atualizado em 28/02/2023 às 13:46

(Foto: Reprodução / You Tube)

Há quase cem anos, Claes Nobel, pai de Marcus Nobel, chegava ao escritório da Fundação que leva o sobrenome da família, na Suécia, e propunha a criação de um Nobel do Meio Ambiente, recebendo um "não" como resposta. Mas, nesta segunda-feira, 27, o sonho dele se tornou realidade com o lançamento do primeiro Prêmio Nobel Verde, o United Earth Amazonia, no Teatro Amazonas, tendo como um dos homenageados, o cantor Roberto Carlos.

"Amazônia, insônia do mundo. Todos os gigantes tombados deram suas folhas ao vento. Folhas são bilhetes deixados aos homens do nosso tempo", entoou Roberto Carlos junto com a Orquestra de Câmara do Amazonas, regida pelo maestro Marcelo de Jesus.

Antes, Roberto agradeceu pela premiação e disse que jamais deixaria de estar presente em um momento tão importante para o meio ambiente,em pleno Teatro Amazonas.  

Erasmo Carlos, que faleceu meses depois de ter aceitado o convite para participar do prêmio em Manaus, também foi homenageado. "Erasmo Carlos está aqui e também vai receber a premiação dele, pois foi meu grande parceiro de vida, de música. Ele é meu grande irmão de sempre. Vou continuar compondo com ele, podem ter certeza", declarou o rei, ao lado de Léo Esteves, que representou o pai Erasmo Carlos.

"Desde a década de 70 os dois já avisavam o mundo sobre o que vinha acontecendo.Entrem nas plataformas de streaming, ouçam as músicas, 'As Baleias', 'Amazonia', são lindas canções que falam do que está acontecendo hoje", declarou Léo.

Marcus Nobel, que lançou junto com outros parceiros a premiação no Amazonas, falou sobre a escolha de Manaus para a primeira edição do evento.

"É a cidade que escolhemos para que o prêmio Nobel Verde nascesse. Fazem muitos anos que meu pai propôs a ideia e hoje estamos aqui, no coração da Amazonia, fazendo isso acontecer", disse Marcus, que se emocionou ao anunciar Roberto e lembrou que "Amazônia", composição com Erasmo, foi a grande razão de terem escolhido o Amazonas para sediar este momento.

Para Marcus, a Amazônia é extremamente importante para o mundo, tanto cientificamente quanto culturalmente.

"A Amazônia pode ser um exemplo brilhante para o mundo inteiro, de como podemos preservar os ecossistemas e promover o progresso sustentável. O objetivo do prêmio é dar voz, de dentro da Amazônia, para esta região", enfatizou Nobel.

Homenageados

Na área de ESG (responsabilidade socioambiental e governança), foram seis os projetos premiados. São eles: Associação Vaga Lume, Projeto Eco-Etnodesenvolvimento Sataré Mawé, Sakaguchi Agroflorestal, Braziliando, Rede Mulheres do Maranhão, e “Projeto Pamine – Renascer da Floresta”.

Sérgio Lopes, sócio-fundador da LCTM Brandbuilders, que também é um dos organizadores do prêmio, explicou que foi muito difícil escolher os vencedores de 22 projetos inscritos. "São projetos maravilhosos e tivemos um árduo trabalho para selecionar. Mas, todos podem se considerar vencedores, pois são pessoas que certamente fazem diferença para o planeta".

Um dos ganhadores foi o líder indígena Almir Surui, do povo Paiter Suruí, de Rondônia, com o projeto "O Renascer da Floresta". "Em setembro de 2000, quando vimos sair aproximadamente 400 caminhões de madeira de nossa terra, decidimos que tínhamos que plantar de novo. Receber esse prêmio hoje é muito satisfatório, pois é uma iniciativa que ajuda a proteger a floresta e a luta pelo futuro da humanidade".

Representante do Projeto Eco-etnodesenvolvimento Sateré Mawé, Obadias Batista Garcia, presidente do Conselho Geral da Tribo Sateré Mawé, afirmou, emocionado, que está vivendo um  momento único. "É um reconhecimento pelo trabalho de 30 anos do nosso povo. É uma honra ter participado desse momento único representando meu povo".

Já a gerente de Projetos Educacionais da Associação Vaga Lume, Lia Jamra, acredita que a conquista do Prêmio United Earth Amazonia dará “visibilidade às crianças que participam do projeto para que elas tenham um futuro promissor e cuidadoso para com a floresta. Além disso, é o reconhecimento para os 900 voluntários do programa”.

A Associação mantém há 21 anos o projeto com o propósito de empoderar e crianças e jovens das comunidades rurais da Amazônia por meio da leitura e gestão de bibliotecas comunitárias e está presente em 22 municípios da Amazônia Legal com 89 bibliotecas comunitárias e 5 mil mediadores de leituras formados.  

Para Marcela Sakaguchi, gerente administrativa da “Sakaguchi Agroflorestal”, a conquista do Prêmio United Earth Amazonia é uma homenagem ao seu avô, que implantou o Sistema Agroflorestal, método de produção agrícola desenvolvido pela comunidade de imigrantes japoneses em Tomé-Açu. “É um reconhecimento ao trabalho iniciado pelo meu avô e depois meu pai em benefício de toda uma comunidade e também da floresta”, afirmou Marcela.

Marcus Nobel com os vencedores do Prêmio Nobel Verde, na categoria ESG. (Clóvis Miranda/Semcom)

 A presidente Silvana Barbosa, da “Rede Mulheres do Maranhão”, projeto que promove a inclusão social e econômica por meio do empoderamento das mulheres para o empreendedorismo a partir do cultivo e subprodutos do babaçu, enalteceu a conquista. “Ganhar o Prêmio United Earth Amazonia é um símbolo porque é o primeiro prêmio da Rede Mulheres do Maranhão e porque reconhece todo o trabalho que vem sendo feito pelas mulheres. Estamos felizes”, declarou Silvana.

Os premiados receberam uma escultura no formato de uma esfera com seis lados, relacionados com os valores da United Earth, cada um deles representando o homem com seus braços, conectando com a fauna, flora, ar, água, recursos naturais, e com toda a humanidade, integrados e entrelaçados em uma única peça.

Pontapé inicial

O prefeito David Almeida reforçou a importância do prêmio acontecer na Amazônia. "Recentemente o presidente Lula, ministros, foram aos Estados Unidos discutir a Amazônia. É uma discussão de fora pra dentro e esse prêmio é o pontapé para que a gente passe a discutir a Amazônia de dentro pra fora. Temos que ensinar o Brasil e o mundo que o povo da floresta é quem preserva o meio ambiente".

O vice-governador, Tadeu de Souza, explicou que a premiação contempla e reverência pessoas e projetos que representam o verde da bandeira brasileira."São projetos que envolvem desenvolvimento de novas ações de sustentabilidade, unidades de conservação, políticas educacionais, projetos que darão novo tratamento e que farão com que o mundo enxergue a floresta como forma de criar riquezas", declarou o vice-governador.

O prêmio United Earth Amazônia foi organizado por duas instituições: a United Earth e a LCTM Brandbuilders, com apoio de patrocinadores, como a empresa Tellescom, Moto Honda, e apoio do Governo do Estado do Amazonas e da Prefeitura Municipal de Manaus. 

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