Dados

Desmatamento na Amazônia cresce 46%, aponta Inpe

Fevereiro teve o maior acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia para o mês desde o início do monitoramento

Karol Rocha
online@acritica.com
06/03/2023 às 15:03.
Atualizado em 06/03/2023 às 15:08

(Foto: Victor Moryama)

Fevereiro teve o maior acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia para o mês desde o início do monitoramento, em 2015, conforme dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). De 1º até 24 de fevereiro, 290,75 km² foram desmatados na Amazônia Legal, o equivalente ao tamanho da cidade de João Pessoa (PB) em área. 

Segundo a plataforma Deter, o desmatamento teve um crescimento de 46% em comparação com o acumulado mensal de fevereiro de 2022, quando 146,32 km² foram desmatados. Nos anos anteriores, também foram registrados números menores como em 2021 (122,8 km²), 2020 (185,73 km²), 2019 (138,08 km²), 2018 (146,32 km²), 2017 (101,23 km²) e 2016 (114,98 km²). Outro dado importante é que o recorde observado em fevereiro se dá depois de uma redução de 61% nas taxas de desmatamento em janeiro de 2023, quando comparado com 2022.

O especialista em Conservação e Líder da Estratégia de Conversão Zero no WWF-Brasil, Frederico Machado, explica que a alta cobertura de nuvens trouxe uma queda nos números de janeiro e agora, se vê refletida em uma alta no mês de fevereiro. 

"Uma interpretação muito clara para nós é que o mês de janeiro teve um alerta de desmatamento registrado pelo Deter muito baixo, foi 61% inferior ao que foi registrado no ano passado. Isso se deve, na avaliação que fizemos, a uma forte cobertura de nuvens no período e essas núvens, elas tem implicações diretas nos alertas gerados pelo Deter. Quando o satélite passa um mês e não consegue verificar o desmatamento ocorrido em função da cobertura de nuvens, na próxima passada, eles identificam como um desmatamento novo", disse ele à reportagem de A Crítica. 

Na prática, o Deter, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), produz diariamente alertas de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares. Os alertas indicam áreas totalmente desmatadas (corte raso) bem como áreas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras). No Sistema, todo desmatamento identificado numa imagem, e que não foi detectado anteriormente, é considerado desmatamento novo independentemente da data real de ocorrência do evento.

De acordo com o especialista em Conservação, Frederico Machado, espera-se que nos próximos meses os números de desmatamento diminuam dada as medidas propostas pelo novo governo federal. Ele acrescenta que medidas de combate ao desmatamento também devem ser efetivas a nível local. 

"Estamos com um pouco mais de dois meses do governo assumindo o poder, ainda é pouco tempo para que o Estado se faça presente nessas localidade para que de fato haja algum sentimento de risco pelos atores do desmatamento. A nossa expectativa é que essas ações a nível de campo possam ganhar corpo progressivamente com a reestruturação dos órgãos de fiscalização que estavam, como é de conhecimento amplo, extremamente fragilizados. Com essa mudança, a expectativa é que progressivamente esses dados possam diminuir", finalizou.

Conforme os dados divulgados pelo Inpe, até o dia 24 de fevereiro e que ainda devem ser atualizados pelo Instituto, o estado que mais registrou desmatamento foi o Mato Grosso com cerca de 145 km², seguido por Pará (45 km²), Amazonas (42 km²), Roraima (31 km²) e  Rondônia (24 km²).

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